Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O demolidor de mandatos

CARLOS LACERDA


O demolidor de presidentes, de Marina Gusmão de Mendonça, 384 pp., Editora Códex, São Paulo, 2002; preço: R$ 39,00tel. (11) 3061-3563, 3061-1446 e 3061-3813; e-mail <sac@editoracodex.com.br>


[Do release da editora]

Faltava quem focalizasse com profundidade um dos mais controvertidos políticos brasileiros de todos os tempos, Carlos Lacerda. Com o lançamento de O demolidor de presidentes, de Marina Gusmão de Mendonça, a Editora Códex corrige essa falha.

A trajetória do jornalista e político fluminense é apresentada com sensibilidade e admirável rigor acadêmico, fruto da tese de doutoramento defendido pela autora no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Comunista militante nos anos da juventude; jornalista combativo que se tornou proprietário do diário carioca Tribuna da Imprensa; deputado federal mais votado do antigo Distrito Federal por duas vezes consecutivas, em 1954 e 1958; primeiro governador do Estado da Guanabara, em 1960 ? Lacerda foi admirado tanto quanto odiado exatamente pelas mesmas razões: em especial, por seu temperamento combativo.

Para escrever O demolidor de presidentes, a autora baseou-se em quatro fontes principais: a) jornais e revistas da época; b) memórias, reportagens, artigos, discursos e obras de Carlos Lacerda; c) arquivos pessoais; e d) relatos de contemporâneos. A análise começa a partir de 1930, ocasião em que Lacerda despontou na cena política nacional, estendendo-se até 1968, ano quem seus direitos políticos foram cassados pelo regime militar.

O livro é dividido em sete capítulos, obedecendo a uma titulação calcada nos rumos tomados pela própria ação política de Carlos Lacerda. O primeiro deles trata do início da carreira do jornalista e de sua vinculação política às esquerdas. Aborda a militância no Partido Comunista Brasileiro, o desligamento repentino do partido e as frustradas tentativas de reintegração nos quadros comunistas. O segundo capítulo destaca o início da guinada de Lacerda para a direita. A seguir, analisam-se a luta do jornalista contra o getulismo, as motivações que nortearam suas manobras para impedir a volta de Vargas ao poder, a campanha implacável contra o governo, as tentativas de destruir Samuel Wainer e a Última Hora, e o papel que desempenhou no processo de desestabilização do governo.

O quarto capítulo enfoca os efeitos que o suicídio de Getúlio provocaram em Lacerda. O quinto trata de suas primeiras manobras para conquistar a presidência da República. O sexto capítulo aborda a atuação do jornalista no processo de liquidação definitiva dos herdeiros do getulismo. O último capítulo refere-se aos esforços de Lacerda para ser reconhecido como “chefe civil” do movimento de 1964 e se impor como substituto do general Castelo Branco na presidência da República. Por fim, é feito um apanhado do processo de articulação da “Frente Ampla”, culminando com a liquidação definitiva de sua carreira política.