CURSOS DE JORNALISMO
Victor Gentilli
Não sei se dá para caracterizar como um fenômeno ou um fato. Mas os indícios são insistentes, recorrentes, e oriundos principalmente dos grandes centros: São Paulo e Rio de Janeiro. Ninguém confirma nada, é claro. Mas a procura pelos cursos de Jornalismo nas escolas particulares, que vinha num crescendo, começa a dar sinais de reversão. Nos cursos mais disputados, a relação candidato-vaga está menor. Cursos importantes, mas menos procurados, estão com dificuldades de fechar suas turmas.
Se os indícios são fortes, as explicações tendem a ser as mesmas: "com o fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício profissional, os jovens estudantes que desejam ser jornalistas na vida buscam outros cursos e a procura pelos cursos de jornalismo cai naturalmente".
Eis um efeito absolutamente inesperado da decisão da meritíssima juiza Carla Rister.
A notícia é boa. Aqueles que estudavam jornalismo simplesmente porque desejavam um diploma, buscam outros caminhos. Os que desejam de fato ser jornalistas na vida optam por cursos de qualidade reconhecida e resistem a cursar jornalismo na faculdade da esquina.
Nas universidades públicas, reconhecidamente de mais qualidade, o fenômeno não ocorre.
Penso que pode tratar-se de fenômeno passageiro. É certo que a decisão judicial ainda pode ser revertida, mas não é disso que trato. Os jovens que desejam ser publicitários na vida fazem o mesmo curso de Comunicação e optam por Publicidade e Propaganda. Nunca tiveram profissão regulamentada, nunca fizeram questão do diploma. Estudavam para aprender. Portanto, se os cursos privados investirem num ensino efetivamente de qualidade, os jovens tendem a retornar aos cursos. Se os cursos continuarem como estão, vão minguar paulatinamente.
Na publicidade, o recrutamento profissional sempre se deu nos cursos, independentemente de canudo. Isso vale para agência, anunciante e veículo; vale para qualquer região do Brasil; vale para qualquer tamanho de empresa.
É verdade que a questão do jornalismo é mais complexa e envolve outros fatores, variáveis, condicionantes e motivações.
Mas que o fato, visto nele mesmo, é auspicioso, lá isso é.