SÃO JOÃO DA BOA VISTA, SP
Lauro Augusto B. Borges (*)
O Correio Sanjoanense é um semanário que tem poucos meses de vida e circula na caipira e orgulhosa São João da Boa Vista (SP). O bancário, autor destas linhas, é titular de uma coluna no Correio, a "Dedo de Prosa". O jornal tem ombudsman, e este, jornalista experiente e fundamentalista da profissão, tem implicado com "aventureiros" que se arvoram a emitir opiniões e assinar colunas na imprensa.
Na condição de escriba alienígena, arengueiro contumaz e insultador do establishment, o colunista neófito arrisca-se a discutir algumas questões controversas que vêm germinando nas páginas do Correio.
Jornalismo, numa simplificação bem tosca, encerra três vertentes basilares: reportagem, prestação de serviços e opinião. Esta última abarcando a linha editorial do veículo, o leitorado e a sociedade. A "Dedo de Prosa", singelamente, inclui-se entre os palpiteiros sociais.
Nos foros acadêmicos e nas grandes redações discute-se, há tempos, sobre a obrigatoriedade ou não do diploma para o exercício do jornalismo. Não quero, aqui, polemizar com currículos respeitáveis. Até porque meu conceito, nesta e em qualquer outra área, é desprovido de qualquer valor. Alguns bacorejos, todavia, se fazem inevitáveis.
A coluna, não raras vezes, acolhe linhas críticas, ácidas até. No entanto, as palavras não ocultam nenhuma intenção política rasteira.
Tento, mal e porcamente, satirizar os costumes políticos, e, num jornal de província, nada melhor que ilustrar esta sátira com personagens locais. O chargista caricaturiza com traços. Este escrevinhador brinca com o vernáculo.
O poder é vidraça. Seria muito aborrecido rabiscar crônicas tendo como personagens o vereador inexpressivo ou o funcionário de quinto escalão. A coluna não intenta desrespeitar pessoas ou instituições. Existe, sim, crítica, ironia e sarcasmo. Às vezes um arremedo de literatura. Mas, repito, sem nenhum interesse político menor.
Restringir a opinião escrita exclusivamente a profissionais diplomados é sectarismo retrógrado temperado com boas doses de corporativismo.
Pichar forma e conteúdo dos escritos é mais do que democrático. Agora, cercear a liberdade de expressão baseado no não-diploma de jornalista do subscritor, cheira o fedor insuportável dos regimes de força.
O cronista tem consciência que montanhas não serão movidas por seus pífios textos. Mas, com a renovada benção do editor do jornal, reafirma o desejo de continuar grafando tortas linhas neste canto de página.
Prazer e idealismo, sempre, serão suas forças motrizes.
(*) Bancário; E-mail <laurobb@terra.com.br>