PAUTA DESAPROPRIADA
Arnaldo Carmona (*)
Gostaria de propor uma pauta para discussão: que atitude deve adotar o frila quando a editora se apodera de sua sugestão de pauta e desenvolve a matéria por conta própria, sem nada lhe dar em troca?
Sei que não sou um caso isolado, ao contrário, acontece e muito com colegas, mas, só para exemplificar, veja o que aconteceu comigo: apesar de descrente com relação à imprensa de modo geral, achei que poderia mais uma vez dar um crédito de confiança. Afinal, tratava-se de nada menos que a revista Caminhos da Terra, da qual sou assinante há muitos anos.
Depois de lhes mandar um texto sobre tubarões, publicado na edição de setembro, enviei outra pauta, sobre o trabalho que estava sendo feito na área de preservação costeira de Tamandaré. Ao contrário do que aconteceu com o assunto dos tubarões, que consideraram de menor interesse e deram na seção Latitude/Longitude, a partir desta sugestão resolveram soltar matéria maior.
O resultado foi que um dos editores, o Sr. Renato Modernel, veio até Pernambuco, desenvolveu a pauta e, quando já estava de volta a São Paulo, me ligou para avisar, com a maior cara de pau, que em breve eu veria uma matéria falando sobre a Costa dos Corais (capa da edição de novembro). Mas que não era para eu ficar chateado porque eles, "diferentemente do que poderia pensar", não haviam se aproveitado de minha sugestão. E que gostariam de que eu não me chateasse e até continuasse colaborando, enviando outras sugestões.
Pergunto: algum jornalista aceitaria uma atitude como esta e continuaria colaborando? Será que não dá mais para confiar em ninguém? Será que pessoas como essas que hoje se encontram à frente da redação da Caminhos não têm noção sobre o que é ética? O que fazer para coibir este tipo de atitude?
(*) Jornalista, Pernambuco