Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O Globo

TV EMPREGO

“TV alemã terá programa que dará empregos”, copyright O Globo, 29/09/02

“Num novo programa de prêmios na TV, alemães vão competir não para ganhar um carro ou uma viagem. O prêmio será algo muito mais ambicionado num país onde quatro milhões de pessoas estão desempregadas: um emprego.

No programa, dois candidatos vão competir por um único emprego. E os telespectadores decidirão qual deles é o mais adequado para o cargo.

– Poderemos ter, por exemplo, dois cabeleireiros que terão de mostrar como tratam seus clientes e, é claro, como cortam cabelos – disse Marcus Wolter, diretor de programação do canal Neun Live.

O Neun Live, canal de programas de competição, sustenta-se com telefonemas de telespectadores e pacotes de viagem.

Inspiração vem de programa da TV argentina

O novo programa, que irá ao ar no fim do outono, tem provocado críticas de sindicatos e grupos de amparo social.

– Aqueles que querem explorar desempregados para expô-los estão brincando com temores e esperanças de pessoas de modo vergonhoso e depreciativo – disse Walter Hirrlinger, presidente do grupo VdK.

A federação de sindicatos DGB disse que encontrar trabalho para desempregados deveria ser tarefa de profissionais, e não de um programa na TV.

– Se as pessoas podem votar numa canção favorita sem serem formadas em música, por que não podem votar sem serem especialistas em empregos? – perguntou Wolter.

O canal se inspira num programa da TV argentino criado no meio da crise econômica no país, em que desempregados tentam conquistar a simpatia dos telespectadores para conseguir emprego.”

 

CELEBRIDADES

“Assim chegam as celebridades”, copyright Jornal do Brasil, 29/09/02

“Para muita gente, Cleópatra, que viveu antes de Cristo, somente passou a existir depois de Elisabeth Taylor.

Políticos, estadistas e outras potestades devem muito a quem lhes deu e lhes dá expressão, seja nas letras, no mármore, em quadros ou em afrescos. Ou ainda em fotos e telas do cinema e da televisão.

Eis aí uma das grandes responsabilidades de escritores, intelectuais, artistas.

Às vezes são insólitos os caminhos e atalhos para certas personagens célebres.

Certa vez um estudante alucinado por cinema e pela famosa rainha do Egito, numa prova digna do samba do crioulo doido, de Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do inesquecível jornalista e humorista Sérgio Porto, fez uma dissertação memorável. Nela, Cleópatra VII — sim, ele acertou o mais difícil, pois ninguém pensa nas outras seis — tinha, entre seus amantes, não Marco Antônio, mas Richard Burton.

Desde a adolescência profunda me encanta, para não dizer enfeitiça, a figura de Santa Teresa D?Ávila.

Mas qual Teresa? Ela entrou na minha vida por um parágrafo do romance Quarup, de Antônio Callado, e pelas mãos do famoso pintor, escultor e arquiteto italiano Gian Lorenzo Bernini. Muito mais tarde é que fui ler as obras da autora, que morreu inédita. Em 1970, quando o papa Paulo VI fez dela a primeira doutora da Igreja, já tinha vendido cerca de 1200 edições em todo o mundo.

A santa do êxtase foi personagem solar de meu romance Teresa, já transposto para o teatro.

Frei Betto tem ciúme desses amores, pois também é apaixonado pela espanhola que nos deu visão singular do século de ouro, o XVI.

Manuel Bandeira inseriu outra santa num belo poema. ?Santa Maria Egipcíaca despiu o manto, e entregou ao barqueiro a santidade da sua nudez?.

Foram versões medievais que espalharam pelo mundo cristão que a santa, prostituta em Alexandria, veio a Jerusalém e pagou o preço de sua virtude para chegar à outra margem do Rio Jordão e ouvir mais de perto o pregador que a encantava de tão longe.

Depois disso, retirou-se para um ermitério onde viveu em penitência o resto de seus dias.

Às vezes sabemos das santas por ínvios caminhos, de que é exemplo a expressão ?obra de Santa Engrácia? para designar trabalho interminável. Um cristão novo chamado Simão Pires Solis, apesar de muito torturado, não revelou seus amores com uma jovem freira do convento de Santa Clara.

Foi queimado vivo e suas cinzas atiradas ao mar.

A caminho do suplício, profetizou em versos: ?É tão certo que sem crime, esta morte vou sofrer, como é certo que não minto, no que ora vou dizer: nunca se darão por feitas, por mais somas empregadas, as obras de Santa Engrácia, que aqui vedes começadas?.

Anos depois foi comprovada sua inocência, mas ele já tinha sido executado e nenhuma reparação pôde ser feita. A igreja, iniciada em 1682, permaneceu inconclusa por longos 284 anos.

Símbolo de trabalho amaldiçoado e infindável, foi inaugurada em 1966 e hoje é destaque entre os monumentos de Lisboa.

No próximo domingo continuaremos a construção de outra obra de Santa Engrácia: a nossa democracia. (Deonísio da Silva é escritor, autor de ?Teresa?, e professor universitário)”

 

AOL EM CRISE

“AOL estuda encerrar atividades no Brasil”, copyright Folha de S. Paulo, 28/09/02

“O grupo norte-americano AOL Time Warner começou a estudar o encerramento de seus negócios como provedor de internet na América Latina.

O diretor financeiro do conglomerado, Wayne Pace, declarou, na quinta-feira passada, em São Francisco, nos EUA, que a AOL Latin America terá de dar lucro para continuar a existir. ?Gostaríamos de manter os negócios na região, mas é preciso que eles dêem lucro. Não há nenhum sinal nesse sentido atualmente.?

O executivo disse que não tem tido sucesso em conseguir um novo parceiro no negócio. Os atuais sócios da AOL Latin America, além do grupo norte-americano, são o conglomerado venezuelano Cisneros e o banco Itaú.

As declarações de Pace ocorreram depois da queda no faturamento mundial da AOL no segundo trimestre deste ano. A receita foi de US$ 2,266 bilhões, 2,6% menos que os US$ 2,327 bilhões do mesmo período de 2001.

O número de assinantes nos EUA e na Europa aumentou no segundo trimestre de 2002. No resto do mundo houve diminuição de 63 mil clientes. A América Latina, onde o grupo tem provedor no Brasil, no México e na Argentina, foi a principal responsável pela redução. A AOL tem 35,1 milhões de clientes no mundo.

A Folha procurou representantes da AOL no Brasil. Eles não quiseram comentar o assunto. Segundo Pace, a AOL está reavaliando seus negócios em mercados não-vitais para o provedor. Desde que iniciou suas atividades no Brasil, em junho de 1999, a AOL Latin America nunca deu lucro. Conseguiu reduzir seu prejuízo de US$ 74,5 milhões no segundo trimestre de 2001 para US$ 44,6 milhões no mesmo período deste ano.

Em março de 2002, os sócios da AOL Latin America injetaram US$ 160 milhões na empresa. Em junho, ela tinha 1,31 milhão de assinantes, 7,3% menos do que no final do primeiro trimestre.

Já o faturamento total do grupo AOL Time Warner (incluindo divisões como cinema, música e revistas) teve aumento de 10% no primeiro trimestre de 2002 em relação ao mesmo período de 2001. A receita aumentou de US$ 9,6 bilhões para US$ 10,6 bilhões.”