LA TIMES
Desde 1880, o tradicional Los Angeles Times é passado de geração a geração pela família de Norman Chandler. A troca de guarda não é assunto secundário, uma vez que o LA Times é, de longe, o mais importante jornal do estado da Califórnia e um dos maiores dos EUA.
Quando Otus, filho de Norman Chandler, assumiu em 1960 a liderança do jornal, sua primeira palavra, para cerca de 725 cidadãos influentes do Sul da Califórnia, foi "uau". Com apenas 32 anos e aparência de surfista da moda ? o que de fato era ?, o novo Chandler provou que as primeiras risadas do público em breve não se repetiriam.
Greg Mitchell [The New York Times, 17/6/01] conta que engraçado não era o jovem editor, mas o geriátrico LA Times. O jornal estava freqüentemente na lista dos 10 piores jornais dos EUA. Por décadas, permaneceu medíocre, apesar dos bolsos cheios de seus proprietários. Em 1934, depois que o escandaloso Upton Sinclair foi indicado governador pelo Partido Democrata, o então editor de Política do Times, Kyle Palmer, prometeu que aniquilaria Sinclair politicamente ? e o fez. Dezesseis anos depois, Palmer escreveu que seu jornal apoiaria a candidatura ao Senado de Richard M. Nixon, permitindo que, "de tempos em tempos, quando houvesse espaço", também cobriria a rival, Helen Douglas.
Não demorou muito para que Otis Chandler modificasse essa fórmula e, como ele mesmo disse, fizesse com que os críticos "engolissem suas palavras" e considerassem o Times "um dos melhores jornais do mundo". Apenas alguns meses após assumir a liderança do jornal, passou a promover cobertura surpreendentemente equilibrada das eleições presidenciais entre Nixon, que o jornal apoiava, e seu oponente, John F. Kennedy. O Times repetiu a fórmula em 1962, quando Nixon concorreu com Pat Brown para governador da Califórnia.
Assim, Otis Chandler tornou o LA Times não apenas um dos jornais de maior faturamento, mas um dos melhores dos EUA. Dennis McDougal, ex-repórter do jornal, reconta toda a história baseado em pesquisas e entrevistas. O resultado está no livro Privileged Son, que acaba de ser lançado nos EUA. Uma leitura surpreendente, diz Mitchell, que merece apenas uma palavra como comentário: uau.