INTERNET
Waldon Alcântara (*)
A internet é uma mídia fantástica. Criada nos anos 60 nos Estados Unidos como um novo modo de comunicação das forças armadas, só experimentou seu boom nos anos 90, quando o capitalismo "vitorioso" e em processo de globalização precisava de um novo meio para se comunicar. É vista com horror pelas ditaduras, temerosas deste meio de comunicação difícil de censurar. Até mesmo o Vaticano lançou São Isidoro de Sevilha como o padroeiro da web por ter escrito a primeira enciclopédia, no século 7.
Interessante faceta da internet é que ela se tornou o campo em que o capitalismo, a competição entre as empresas, pode realmente ser chamado de selvagem.
O fenômeno de expansão da internet é incrível. Em países como os EUA, seu berço, já está presente em 50% dos lares, tirando audiência da televisão e do rádio. No Brasil, devido a nossos problemas de telefonia, que ainda usa o método de cobrança de pulsos (nos EUA, na Austrália e em vários países da Europa o pulso telefônico não existe, o usuário paga mensalidade fixa por mês e usa o telefone o tempo que quiser), o que torna o uso da internet muito caro para muitos, a internet ainda não se expandiu como deveria. Mas isso não impede que muitas empresas se arrisquem nesta selva e invistam muito nela.
No dia 8 de janeiro foi anunciada a compra do Cadê?, o maior site de busca do Brasil, pelo Yahoo!, um dos maiores dos EUA e do mundo. Como é de praxe nas megafusões de empresas no mundo real, grande parte dos funcionários do Cadê? foi demitida, uns poucos absorvidos. Com essa compra, o Yahoo! se tornará o terceiro site em audiência do Brasil ? só perdendo para o UOL, que ocupa a primeira posição, e o iG, na segunda. As fusões realmente estão virando moda na web brasileira. O UOL, o maior provedor pago do país, comprou o Zip.net e e controla o BOL, que faz parte do mesmo grupo empresarial. Zip.net voltou às suas origens e se transformou apenas em provedor grátis de e-mail, deixando de concorrer com o UOL em áreas como noticias online.
Hiena ou zebra
Os anos de 2000 e 2001 mostraram a face selvagem do capitalismo pontocom. As falências de empresas virtuais se tornaram comuns não só no Brasil como no mundo inteiro. Na Nasdaq, bolsa de valores americana que negocia as ações de empresas de tecnologia e internet, os títulos pontocom, com raras exceções, despencaram ladeira abaixo. Milhares de pessoas perderam dinheiro, e muito, na internet.
Como na selva africana, o leões maiores sobreviveram, enquanto os pequenos morriam à míngua. A publicidade online evaporou. Deixou de compensar até a propaganda por e-mail, o spam (e-mail não-solicitado), que afasta em vez de atrair o cliente.
Não faltam profetas do apocalipse. Um deles, Larry Ellison, dono da poderosa Oracle, inimiga mortal da Microsoft, previu que de cada 1.000 empresas que tentam se firmar na internet só uma vai sobreviver. E ele pode estar com razão: no Brasil, por exemplo, de cada 100 empresas que tentam ganhar sua aguinha mineral na net, 97 acabam morrendo de sede nos primeiros anos ? mortalidade infantil.
Na selva do capitalismo pontocom só sobreviverão os grandes leões. Para os aventureiros, só restam mesmo dois caminhos: dar uma de hiena, seguindo os reis, alimentando-se de suas sobras; ou dar uma de zebra, fugindo para não ser engolida.
(*) Estudante de Economia da UFU, Uberlândia, MG