Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O mesmo figurino

DRUMMMOND, 100

As comemorações pelo centenário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade exibiram também o despreparo cultural que reina nas escolas de jornalismo e, evidentemente, nos "quadros jovens" que hoje compõem o grosso das redações.

A silhueta do nosso vate maior empregada como vinheta ou selo está evidentemente errada.

** Drummond nunca escondeu a glabra com chapéu. E ainda mais de abas largas.

** Drummond vestia-se corretamente. Nunca usou calças mais curtas, mostrando as meias.

Aconteceu uma transferência ou clonagem imagética: Fernando Pessoa foi quem usou chapéu e calças "pescando siri". Era boêmio, chegado aos copos e mais descuidado na aparência. Como a escultura em Lisboa do imperador da língua portuguesa inspirou a escultura de Drummond na praia de Copacabana, os jovens editores permitiram-se a "licença poética" e transferiram a imagem de um para outro.

Dentro de outros 100 anos, os pesquisadores fatalmente deduzirão que todos os poetas da língua portuguesa vestiam o mesmo uniforme. Então vestirão Camões do mesmo jeito.

 

Victor Gentilli

A edição de Veja 1.776 cometeu um vacilo monumental. Na coluna Gente, página 94, publica uma foto da belíssima escultura de Leo Santana, de Carlos Drummond de Andrade sentado num banco de praça em Copacabana. No final da nota, o escultor diz "Baseei-me em uma foto de Drummond, com aquele seu jeito tímido, justamente numa de suas caminhadas diárias".

Nenhum editor se deu conta de que a foto a que o escultor se referiu estava na mesma edição, na página 56, coluna Veja on-line, inclusive com o crédito do autor: Rogério Reis.