CULTURA POP
Era dezembro de 1972 e Arthur Gelb, editor-responsável de cultura do New York Times, resolvera impulsivamente assistir ao lançamento do polêmico e obsceno Deep Throat, em pleno expediente, levando sete repórteres a tiracolo. Todos tentaram ser o mais discretos possível para não serem reconhecidos. Alguém da redação, porém, soube dos planos e não gostou. "Sr. Arthur Gelb do New York Times deve voltar ao trabalho", anunciou uma voz no alto-falante da sala.
Essa é uma das histórias que Gelb conta em seu livro, City Room, um memorando fascinante de seus 45 anos no Times, de acordo com Peter Bart [Variety, 29/9/03]. A publicação do livro, de acordo com Bart, é relevante em tempos em que os principais jornais metropolitanos estão repensando sua cobertura da cultura pop.
Na verdade, o pioneiro da cobertura da cultura pop foi Gelb, hoje aposentado. Crítico desde jovem, introduziu os leitores do Times em uma gama eclética de manifestações que abarcava Lenny Bruce, Mort Sahl e Woody Allen.
Ao longo de sua carreira, Gelb amou fazer jornal tanto quanto amou as artes, acreditando eloqüentemente que "cultura de elite" e cultura pop merecem a mesma atenção.
Muitos de seus superiores no jornal pediam cautela ao falar de Lenny Bruce, a quem consideravam "muito escatológico". Certa note, Bruce apontou para Gelb na platéia e disse "ponham os holofotes sobre esse homem. Ele introduziu o sexo no New York Times". Com a publicação de seu livro, disse Bart, Gelb merece novamente os holofotes, mas por ter introduzido muito mais que sexo ao jornalão.