Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O que a Folha não explicou

ROSEANA & PESQUISAS

Chico Bruno (*)

O ano de 2001 chega ao fim. O balanço do desempenho da imprensa é positivo. Claro que durante o ano aconteceram alguns excessos, como o denuncismo fiteiro. Coube ao Prêmio Esso separar o joio do trigo: a vitória da IstoÉ, com a famosa gravação da conversa de ACM e os procuradores, que resultou na cassação dos senadores Arruda e ACM, é uma demonstração de que existem fitas e fitas.

Na edição de 24 de dezembro, a Folha de S.Paulo publica mais uma rodada de avaliação das administrações estaduais realizada pelo seu instituto, o Datafolha. Foram mais ou menos 10 rodadas de avaliação durante o ano. Em nenhuma delas foi avaliada a administração do Maranhão. Nesta última, incluíram o estado que, segundo o IBGE, detém os piores índices de qualidade de vida do país. A inclusão, ao que parece, se deu em função dos índices alcançados pela governadora Roseana Sarney nas pesquisas de intenção de voto para a sucessão de Fernando Henrique.

A inclusão do Maranhão foi correta. Uns dirão que sim, outros que não. Analisando friamente a situação e lendo com precisão a matéria, percebe-se que a Folha justifica e credita o primeiro lugar da governadora na avaliação ao domínio da mídia pela sua família, possuidora de emissoras de televisão, de rádios e do principal jornal do estado.

A mesma rodada avaliou as chances para a sucessão estadual em vários estados. No Maranhão os candidatos da governadora perdem para o prefeito de São Luís, o que demonstra incoerência nos resultados. Se ela, Roseana, é tão bem avaliada pela população de seu estado, alcançando o primeiro lugar entre os governadores, por que razão seus candidatos não estão à frente das pesquisas de intenção de votos? Essa incoerência precisa ser analisada, pois causa certa confusão na cabeça dos leitores da Folha.

Se os maranhenses aprovam a administração de Roseana, por que cargas d?água não querem a continuidade administrativa? Essa questão arranha a credibilidade da pesquisa. Precisa e deve ser explicada, e somente a própria pesquisa pode esclarecê-la. O Datafolha, ao constatar a incoerência, deveria ter colocado em campo uma nova pesquisa para encontrar uma explicação lógica.

Isso a Folha fica devendo aos seus leitores.

(*) Jornalista