O que a mídia não informa

Na guerra contra o Canadá, que foi tema monocórdio durante as despedidas a ACM no Congresso, não vi qualquer lembrança da mídia às qualidades daquele país, especialmente generoso para a história brasileira (não entro no mérito das questões comerciais, já exaustivamente abordadas).

a) Se o Brasil faz um dos melhores cinemas de animação do mundo isto se deve ao jovem Marcos Magalhães, autor de Meow, que estagiou no National Film Board (NFB) do Canadá no final da década de 70, sob os auspícios da Embrafilme. Na volta, praticamente iniciou essa arte por aqui.

b) O NFB é a casa de Norman McLaren, o maior cineasta de animação do mundo em todos os tempos. A propósito, McLaren nasceu na Escócia, e não no Canadá, país que o acolheu, com o qual se identificou e que passou a representar.

c) Oscar Peterson (jazz) e John Maynard Keynes (economia), entre muitos outros nomes que o público considera americanos, nasceram na verdade no Canadá, um país bilíngue e multicultural (inglês e francês são as línguas oficiais; as cultura indígena e esquimó ou "inuit", autóctone, são mantidas e estimuladas).

Embora divida a sua fronteira geográfica com os EUA e sofra muitas influências do vizinho, o Canadá tem instituições políticas e culturais – além de judiciárias – que refletem muito mais as suas origens inglesa e francesa. Na área da mídia e do jornalismo, ressente- se e luta contra a penetração americana, com muito sucesso, aliás.

d) Ao longo de sua história, o Canadá abrigou refugiados políticos, inclusive brasileiros. Neste particular, sua tradição humanitária é tão generosa quanto a da França. Lembram-se do ministro Pierre Trudeau? E da permanentemente revolucionária Québec?