Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O que a mídia não informa

CANADÁ

Li o texto "O que a mídia não informa" e gostaria de destacar dois pontos. Primeiro, é de espantar que o jornalista e professor nada tenha falado a respeito da guerra comercial entre a Bombardier e a Embraer, que é, na verdade, a principal razão da disputa entre os dois países. Segundo, não posso concordar com a parte da matéria que diz o seguinte: "As culturas indígena e esquimó ou ?inuit?, autóctone, são mantidas e estimuladas". Só para esclarecer a todos, é preciso lembrar que, na década de 60, quando a cidade de Winnipeg organizou pela primeira vez os Jogos Pan-Americanos (a segunda foi em 1999), alguns índios que participariam da cerimônia de abertura foram impedidos de entrar no estádio apenas por serem índios. Tal fato foi largamente divulgado pelos canais brasileiros de TV que cobriam os jogos de 1999 (ou seja, bem antes de toda esta confusão).

Quero crer que tais pontos não tenha sido abordados por esquecimento.

Alexandre Roberto do Nascimento

CARTEL GLOBAL

O grupo Globo insiste em utilizar o espaço de notícias de seus veículos para fazer propaganda de seus produtos. O próximo episódio de No limite é amplamente divulgado no Jornal Nacional como se fosse um fato relevante para a população, O Globo alardeia que a Época do dia seguinte contém uma entrevista muito interessante, entre vários outros exemplos. Ou seja, o grupo Globo utiliza o espaço de notícias de seus veículos para falar de forma aberta e acrítica sobre seus produtos. Não me oponho à utilização do espaço de propaganda para este fim: por exemplo, é perfeitamente legítimo que O Globo de domingo seja amplamente propagandeado pela Rede Globo de televisão no sábado à noite, desde que durante os intervalos comerciais.

O comportamento do Grupo Globo leva inevitavelmente à perda de credibilidade dos seus veículos de comunicação. Ele não utiliza seu espaço de notícias com responsabilidade, com isenção. Utiliza-o apenas do ponto de vista do interesse comercial do grupo.

Luiz Cherman

Lendo a edição de hoje do Observatório da Imprensa (14/2/2001), um fluxo de ar fresco arejou minha mente, fazendo com que algumas palavras estagnadas por certo tempo pudessem ser lançadas ao ar. O que faço hoje com alegria e leveza de espírito.

Bater de novo no assunto Rede Globo pode parecer repetitivo, mas é necessário. Saber que com o passar dos anos este "Império" que se acredita acima do bem e do mal, dono da razão e da informação, incha impunemente me incomoda bastante.

Lembro-me de que algumas semanas atrás, no programa Sem Censura, da TV Educativa do Rio de Janeiro, a atriz Camila Amado, filha de Gilson Amado (?), criador da Televisão Educativa, falava sobre um livro a ser lançado, contando a vida e a luta do pai.

Ela contou que os primeiros equipamentos foram doados pela Alemanha. Após o surgimento da TV Globo, era necessário modernizar os equipamentos. Ao saber que a mesma fundação alemã doaria os novos equipamentos, superiores aos seus, a Globo conseguiu do governo a proibição da importação. Isto foi dito no ar e estará no livro.

Portanto, fica evidente que, desde o início de sua vida, a intriga pelo poder é a marca da Globo. Porque cresceu tanto este "império" durante a ditadura militar? Que linha ética tem uma organização que sempre está de "mãos dadas" com quem manda, não importa quem? O caso Vasco da Gama pode parecer batido, mas longe disso. Como testemunha ocular de uma comédia-pastelão ocorrida na Rua Jardim Botânico, aqui no Rio, dias atrás, fica-se realmente sabendo o quanto este "poder oculto" manda no país.

Quarta-feira passada, uma carreata saiu da Barra da Tijuca para ir até as instalações da Rede Globo, na Rua Lopes Quintas. A polícia exigiu que as pessoas que estavam no carro de som descessem, alegando segurança. Interessante é que estes mesmos carros de som com palanque rodam tranqüilamente em época de campanha política ou de carnaval, em propaganda de supermercados etc. Da janela de meu apartamento ouvi a chegada do carro de som e um discreto buzinar. Para que os manifestantes não chegassem até o "Castelo do Mal", belíssimas viaturas da "Nova Polícia" simplesmente ficaram atravessadas no cruzamento da Rua Jardim Botânico com Lopes Quintas.

Que exemplo de democracia e liberdade! Os manifestantes foram então a pé até lá.

Alguém viu uma nota sequer na Globo sobre o fato? Alguém se perguntou por que uma via de grande tráfego, como a Rua Jardim Botânico, pode simplesmente ser fechada naquele horário, apenas para evitar mal-estar para uma emissora de televisão? Máxima da Globo: se não está com a gente não aparece no noticiário. Que poderes tem esta emissora de obter tal aparato? Acabada a confusão fiquei espantado com o grande número de policiais

Apenas para citar outro fato interessante, muitos aqui no Rio de Janeiro dizem que o projeto Rio Cidade foi feito para que a Net, do Grupo Globo, pudesse passar seus cabos subterrâneos. Coincidência ou não, parece ser verdade. Na época, ao visitar um amigo em Copacabana, vi caminhões da prefeitura "ajudando" uma obra da Net.

Sergio Luis dos Santos

Estudo Comunicação Social na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), habilitação Jornalismo, e estou feliz e ao mesmo tempo escandalizado com a guerra televisiva entre Globo e SBT. O que mais me intriga é por que não temos mais programas de qualidade cultural, já que o alvo desta briga é a audiência e a conquista de telespectadores.

Mas a guerra agora é por causa do futebol, o esporte nacional. Criativa foi a idéia que teve o Sr. Eurico Miranda ao colocar seu time em campo com o logotipo do arqui-rival da Globo. A todo-poderosa Globo respondeu em altos e agressivos tons. Marcelo Resende saiu do Linha direta para ser repórter especial desta guerra, que não é a do Golfo, mas toma proporções parecidas. O perdedor com certeza será o Sr. deputado, que cada vez mais se enrola em suas explicações.

Mas um fato me alegra. A maior festa popular brasileira, o carnaval, trará surpresas. No desfile das escolas de samba do Rio, transmitido pela Rede Globo, a Escola de Samba Tradição homenageará o poderoso Sr. Abravanel. E agora, Globo? O que fazer? Deixar de transmitir o desfile de uma escola só porque nela estarão Sílvio Santos, Gugu, Ratinho e todos do SBT? Ou vocês inventaram um plantão do Jornal Nacional para o momento do desfile? Ou, ainda, quem sabe, vão colocar um dos efeitos especiais na tela?

O certo é que nesta virada de milênio a Rede Globo está sendo obrigada a refletir sobre suas atitudes e a analisar o grande monopólio que detém nos meios de comunicação do Brasil. Que todos digam não à guerra, não à censura e sim à qualidade e à ética do telejornalismo brasileiro.

Leonardo Borges

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