Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O que os prêmios de jornalismo deixam escapar

THE WASHINGTON POST

O Washington Post ganhou dois prêmios Pulitzer neste ano por Reportagem Nacional e Investigativa, e foi finalista em outras quatro categorias. Uma bela atuação, celebra o ombudsman Michael Getler (14/4/02), contando detalhes da produção das matérias vencedoras.

Para ele, especialmente interessante na premiação deste ano foi o domínio dos quatro maiores jornais americanos. Fora os sete prêmios concedidos ao New York Times e os dois para o Post, Los Angeles Times ganhou dois e Wall Street Journal, um, o que soma 12 dos 14 Pulitzers. Newsday e Christian Science Monitor levaram os outros dois por crítica e cartum. Além disso, oito dos 14 prêmios estavam relacionados à cobertura do 11 de setembro e seu desdobramento ? uma história que se espera que jornais maiores, por disporem de mais recursos, cubram melhor.

Ao constatar esta concentração, o ombudsman questiona se houve queda de qualidade em outros veículos. "Os cortes de pessoal e redução de espaço estão afligindo mais e mais jornais? Deveria haver categorias especiais para diários menores, como o repórter de mídia do Post, Howard Kurtz, perguntou em coluna desta semana?"

Segundo Getler, a circulação de jornal está em fase lenta mas estável de declínio nos últimos anos, o que o 11 de setembro reverteu por tempo indeterminado. Os prêmios jornalísticos geralmente reconhecem reportagens especiais e projetos investigativos, que de nada adiantam se não forem lidos porque ninguém comprou o jornal. E isto pode acontecer se o veículo se tornar menos essencial para a vida das pessoas. "Eu sempre desejei que houvesse um prêmio para jornais que fazem todos esses esforços extras mas nunca perdem de vista sua missão principal: entregar a melhor, mais atilada e mais aprofundada cobertura que puderem produzir todo dia, e tornar-se indispensável aos leitores no processo."