CASO RICHTHOFEN
Chico Bruno (*)
O assassinato da psiquiatra e do engenheiro foi elucidado pela polícia rapidamente. Arrancaram a confissão de três jovens e ponto final. A mídia, ao contrário de outras ocasiões, acatou a versão policial e, também, deu um ponto final ao assunto. Posto isto, é de se achar que está tudo resolvido. Mas acontece que há muita gente estranhando tudo isso. No decorrer de toda a semana que passou fomos abordados por amigos, conhecidos e outros jornalistas que se estão perguntando se não é preciso aprofundar a cobertura deste crime, pois estão no ar muitas perguntas sem respostas.
Muitos lembram do assassinato de Paulo César Farias e namorada. Naquela oportunidade, a polícia se apressou a concluir que Suzana Marcolino matou PC e, em seguida, cometou suicídio. A imprensa não engoliu a versão e correu atrás da notícia. Graças à ação de vários repórteres houve uma reviravolta e o caso rola até hoje.
No crime do Brooklin, o que está intrigando toda a gente é a imprensa ter aceitado a conclusão da polícia e dos promotores, e dado o caso por encerrado. Todos querem saber por que ninguém tentou, até agora, ouvir os acusados ou investigar se as confissões foram obtidas sob pressão; por que nenhum repórter mais ousado tentou saber dos empregados do casal como era o relacionamento da família. Por que o irmão da acusada não foi molestado pela mídia à cata de entrevista, e muito menos os parentes do casal. Por que quem cuida do caso não é a família, e sim um advogado, colega de trabalho do engenheiro assassinado?
Causas em debate
E, finalmente, ninguém se pergunta como o casal construiu tamanha fortuna, a ponto de ter em casa mais de R$ 30 mil em espécie, entre reais e dólares.
Há outras perguntas: por que a imprensa não teve acesso à reconstituição do crime? Não se trata de duvidar da versão da polícia e da promotoria, trata-se apenas de aprofundar a questão do ponto de vista jornalístico.
O que intriga as pessoas neste episódio é a passividade da mídia. O crime foi brutal, não resta dúvida, portanto merece um maior empenho da imprensa em checar todas as suas nuances. Os três acusados teriam outros cúmplices? No momento do crime os vizinhos não ouviram gritos? São tantas as perguntas que cabe à imprensa fazê-las, e obter respostas convincentes.
A mídia, neste episódio, resolveu acatar a solução do crime e debater com especialistas as causas de tamanha barbárie.
(*) Jornalista