ESPECIAL 3+5
OBSERVADORES DE CARTEIRINHA
Hipólito José da Costa
Correio Braziliense, vol. 1, pág. 3-4, Londres, 1/6/1808
O primeiro dever do homem em sociedade he ser útil aos membros della; e cada um deve, segundo as suas forças Phisicas, ou Moraes, administrar, em beneficio da mesma, os conhecimentos, ou talentos, que a natureza, a arte, ou a educação lhe prestou. O individuo, que abrange o bem geral d?uma sociedade, vem a ser o mesmo mais distincto della: as luzes, que elle espalha, tiram das trevas, ou da illuzão, aquelles, que a ignorancia precipitou no labyrintho da apathia, da inepcia, e do engano. Ninguem mais util pois do que aquele que se destina a mostrar, com evidencia, os acontecimentos do presente, e desenvolver as sombras do fucturo.Tal tem sido o trabalho dos redactores das folhas publicas, quando estes, munidos de huma critica saã, e de huma censura adequada, represêntam os factos do momento, as reflexoens sobre o passado, e as solidas conjecturas sobre o fucturo (…).
Levado destes sentimentos de patriotismo, e desejando aclarar os meus compatriotas, sobre os factos políticos civis e literarios da Europa, empreendi este projecto, o qual espero mereça a geral aceitação daquelles a quem o dedico (…).
Longe de imitar só, o primeiro despertador da opinião publica nos factos, que excitão a curiosidade dos povos quero, além disso, traçar as melhorias da Sciencias, das artes, e n?uma palavra de tudo aquillo, que pode ser util á sociedade em geral.
Cipriano Barata
Sentinella da Liberdade na Guarita de Pernambuco, n? 11, 10/5/1823
Deve pois ficar sentado, como dogma da nossa santa Fé política, que a liberdade de imprensa não deve ser tocada, ou interrompida por censura prévia, ou qualquer embaraço que possa ser inventado, debaixo de qualquer pretexto que a malícia humana excogite; e outrossim deve ficar sentado, e decididamente determinando pelo povo, não aceitar Constituição, seja ela qual for, sem conter e encerrar como parte essencial a liberdade de imprensa plena ou quase plena.
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Sentinella da Liberdade na Guarita de Pernambuco, n? 5, 23/5/1823
A Imprensa no Rio de Janeiro está sufocada, e não tem liberdade alguma, e segundo as notícias ninguém pode escrever, porque se não perseguem por escritos, prendem-o pela Polícia, pois ali não há segurança de pessoa: os Ministros vão pondo tudo como no tempo antigo (…).
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Sentinella da Liberdade na Guarita de Pernambuco, n? 11, 10/5/1823
Toda e qualquer Sociedade, onde houver imprensa livre, está em liberdade; que esse Povo vive feliz e deve ter aumento, alegria, segurança e fortuna; se, pelo contrário, aquela Sociedade ou Povo, que tiver imprensa cortada pela censura prévia, presa e sem liberdade, seja debaixo de que pretexto for, é povo escravo, que pouco a pouco há de ser desgraçado até se reduzir ao mais brutal cativeiro.
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Sentinela da Liberdade na guarita da Praia Grande, n? 19, 7/10/1823
Os periódicos, Ilmos. Srs., são escritos e formados muitas vezes de pedaços e às vezes até opostos em sentido, sempre desligados mais ou menos no seu nexo e inteiramente conformes à licença dos poetas e à efeméridade dos romancistas. As vozes que correm ainda que vagas, não são já verdades evangélicas, as quais ordinariamente eles contêm, tampouco são demonstrações matemáticas nas quais se exige aquela escrupulosa escolha de termos técnicos, que não admitem troca ou substituição e que severamente prescreve que tudo esteja na mais estreita relação desde o princípio até o fim.
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