POST SEM ASSINATURAS
"Jornalistas do ?Post? fazem greve de assinaturas", copyright O Globo, 6/6/02
"Um dos mais tradicionais e influentes jornais americanos, o ?Washington Post? circulou ontem com quase todas as suas reportagens trazendo apenas a assinatura ?Por jornalistas do Post?, em vez do nome de seus autores. A medida faz parte de um protesto do qual participam repórteres, fotógrafos e desenhistas contra a proposta salarial feita pela empresa.
– Consideramos que isto envia uma mensagem firme à direção do ?Post? de que não há apenas um punhado de pessoas à mesa de negociações, mas que estão contrários à posição da empresa quase todos os que fazem este jornal – disse o repórter e líder sindical Rick Weiss.
O contrato de trabalho que cobre mais de 1.400 empregados do ?Washington Post? expirou em 18 de maio, e as negociações sobre um novo contrato de três anos atingiram um impasse.
Os empregados reivindicam um aumento salarial médio de 3% nos próximos três anos. Mas a empresa ofereceu um pagamento único de mil dólares no primeiro ano, e aumentos de 1% a 3,7% nos dois anos seguintes. A disputa envolve também divergências sobre férias e filiação sindical.
Na primeira página de ontem, seis das sete reportagens não tinham assinatura. A única assinada foi escrita por um membro da direção. ?Continuaremos tentando resolver os problemas contratuais que estão na mesa de negociações?, disse a vice-presidente do jornal, Patricia Dunn.
O ?Washington Post? é o quinto jornal de maior circulação nos Estados Unidos, com 775 mil exemplares diários."
"Jornalistas do ?Washington Post? protestam", copyright Folha de S. Paulo, 6/06/02
"A maioria dos jornalistas, fotógrafos e infografistas do ?Washington Post? se recusaram a assinar seus trabalhos publicados na edição de ontem do jornal, como parte de um protesto contra as propostas da direção da empresa para um novo contrato coletivo de trabalho.
O contrato anterior venceu no dia 18 de maio, e as negociações estão paralisadas desde o dia 16, por desavenças em relação a correções salariais, férias, segurança e direitos trabalhistas. Os empregados não concordam com a oferta de aumento de 3,7% em três anos e a insistência da direção em instalar câmeras de vigilância em todos os recintos de sua sede.
?O jornal deveria ter vergonha de sua posição na negociação?, afirmou o co-presidente do sindicato de jornalistas de Washington-Baltimore, que representa os 1.400 empregados editoriais e comerciais do ?Post?.
Por conta do protesto, a primeira página de ontem do ?Washington Post? teve 6 de suas 7 chamadas assinadas pela ?Equipe de Redatores do Washington Post?. A única chamada assinada era de Rick Ehrmann, membro da direção.
Cerca de cem pessoas protestaram ontem na porta da sede do jornal, com cartazes e palavras de ordem. ?Quem faz o Post? Nós!?, gritavam os manifestantes, acompanhados de um amendoim gigante com os dizeres: ?Amendoins não pagam o aluguel?.
?Os jornalistas têm o direito de não publicar suas assinaturas?, disse a vice-presidente da empresa, Patricia Dunn, em um comunicado. ?Nossa preocupação seguirá centrada em resolver os problemas contratuais que estão na mesa de negociações?, disse.
O ?Washington Post? é o quinto jornal de maior circulação nos EUA, com tiragem média de 775 mil exemplares diários."
BRASIL NO POST
"Sobre as elites do Brasil&ququot;, copyright Global Press (www.globalpress.com.br), 10/06/02
"O Washington Post recebeu uma carta da leitora Barbara Weinstein comentando o artigo que o jornal publicou em sua primeira página, no sábado passado, sobre a mania de andar de helicóptero que tomou conta de São Paulo. ?Apesar de ter gostado de ler um artigo sobre a grave pobreza e a violenta criminalidade em São Paulo, Brasil (‘Brazil’s Elites Fly Above Their Fears’), dois aspectos dele não correspondem à realidade.
Primeiro, São Paulo não é uma cidade ‘habitada pelos fantasticamente ricos e pelos muito pobres, com quase nada entre eles’. Esta descrição não apenas é inverídica, como faz os problemas da cidade parecerem muito mais intratáveis do que são. Se você sobrevoar São Paulo, o que chamará mais atenção não são as favelas e as prisões mencionadas no artigo, mas os acres de edifícios, a maioria habitados por famílias da classe média e da classe operária.
Segundo, ao explicar os problemas sociais de São Paulo, o artigo destaca a insensibilidade das elites brasileiras. Mas, mesmo se o mais progressista dos atuais candidatos à presidência, Luis Inacio ‘Lula’ da Silva, conseguir se eleger, é sabido que os enormes pagamentos que o Brasil faz de dívidas contraídas décadas atrás por um regime militar perdulário impedirão qualquer esforço de se fazer grandes mudanças nos serviços sociais e na distribuição de renda.
As elites brasileiras que se isolam dos pobres atrás dos muros pelo menos têm a desculpa de estarem protegendo seus filhos dos brutais efeitos da violenta criminalidade. Já as elites do exterior que defendem um sistema que mantém o status quo não têm essa desculpa?."