FATO & NOTÍCIA
Luiz Egypto
Artigo publicado neste Observatório ["Por que a imprensa não se interessa pelo Judiciário?", remissão abaixo], disponível na web a partir das 19 horas de terça-feira passada (13/11), mexeu com a Folha de S.Paulo. No texto, a procuradora Ana Lúcia Amaral critica a cobertura da imprensa sobre assuntos do Judiciário, e a inapetência de repórteres e editores pelos meandros das tecnicalidades jurídicas e processuais ? nos quais, enfim, residem as melhores justificativas para as falcatruas mais bem-acabadas.
A autora citou fatos que teimavam em não se tornar notícia, apesar de escancarados à imprensa, em documentos públicos. Entre os exemplos, a matéria do OI informava sobre o processo desapropriatório de um imóvel destinado a abrigar as instalações do Tribunal Regional Federal-3? Região, no centro velho da capital paulista. Trata-se de um negócio no mínimo estranho, para ficar no menor. Por que a imprensa não se mexia? A Folha se mexeu. Matéria de página ("Prédio obsoleto custa R$ 210 mi à União", pág. A 13, 18/11/01), em três retrancas, aprofunda a história contada no OI.
Se pautada na noite de terça ou na quarta, a matéria da Folha teria de estar pronta na sexta-feira, antes ou durante o "pescoção" ? quando, depois de finalizadas as edições dos sábados, a jornada de trabalho invade as madrugadas para aprontar o que vai sair no domingo.
A agilidade da Folha admite duas explicações: 1) rapidez e experiência do repórter, o que, no caso, é um dado; 2) desova de gaveta, o que, em bom português, quer dizer aproveitar matéria já produzida e não publicada em seu devido tempo, ou cuja apuração, por decisão editorial, não tenha avançado.
Nas duas hipóteses, não deu mais para segurar.
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