PICADEIRO
Luiz Egypto
Foi-se o tempo em que era dado resposta às perguntinhas básicas "o quê?", "quem?", "como?", "quando?", "onde?" , para não avançar no "por quê?". Na Folha de S.Paulo, que já aboliu o trema, sumir com o "onde"quot; não foi difícil. A edição de domingo, 2/9, pág. A 10, traz entrevista com o ministro da Fazenda Pedro Malan, o qual discorre com competência diante de questões que não querem calar. Deu chamada de capa. Lá dentro, edição primorosa e fotos exclusivas.
Faltou dizer que a entrevista ocorreu na sede da Folha, onde o ministro fora recebido para almoço na sexta-feira, 31/8. Uma deferência especial para uma fonte especial. É uma das regras do jogo.
Nota na coluna "Painel" (pág. A 4) da edição
de sábado (dia 1?) informa da presença de Malan no
almoço do dia anterior. É uma praxe salutar do jornal
sempre noticiar os encontros que mantém em horário
de trabalho. Mas reiterar essa informação no domingo,
no abre da entrevista, não seria
redundância. Seria uma demonstração de franqueza
para com os leitores.
A.D.
Na deslumbrada matéria sobre o consumo de luxo no Brasil que, por um triz, não foi capa de Época (edição de 3/9,01, págs. 68-74), aparece uma elegante senhora, devidamente identificada e qualificada como "cliente da Tiffany" de São Paulo. Não é. Trata-se de uma modelo. Nos tempos que correm ninguém teria coragem de assumir que freqüenta a famosa joalharia ou que, além de provar, tem condições de comprar um colar avaliado em 115.600 reais. De todas as fotos de "consumidores de luxo" apenas uma tem algo de verosímil: a desconhecida modelo carioca que teria ganho um carrão do namorado, desconhecidíssimo cantor de pagode, com cacife para pagar meio milhão de reais por um Jaguar X-Type. Cascata de luxo.