PRÊMIOS EM COLÚMBIA
A cobertura dos ataques terroristas e da guerra americana contra o Afeganistão predominou na escolha dos vencedores do prêmio Alfred I. duPont-Columbia University, que elege os melhores da TV e do rádio. Entre os 14 ganhadores, o prêmio principal foi concedido à série Frontline, da emissora pública PBS, pelos sete programas sobre as origens e os efeitos do terrorismo islâmico. Segundo Bill Carter [New York Times, 18/12/02], as matérias foram produzidas em conjunto com outras organizações, incluindo BBC, Canadian Broadcasting Company e New York Times.
Outros contemplados foram a ABC News, pela cobertura televisiva e radiofônica dos ataques de 11 de setembro e pelos programas criados para explicar estes eventos a crianças, além de um prêmio para o especial Nightline sobre a guerra na Ruanda; a HBO, pelo documentário In Memoriam: New York City, 9/11/01; e a National Public Radio, pela cobertura do 11 de setembro e da guerra no Afeganistão.
A CNN, primeira vencedora do prêmio duPont para programas de língua estrangeira, venceu pela rede CNN en Español, homenageada pela reportagem investigativa sobre os seqüestros e assassinatos de argentinos na década de 70.
CIÊNCIA
A Biblioteca Pública de Ciência (Public Library of Science), projeto americano de um grupo de renomados pesquisadores, prevê a publicação na internet de trabalhos científicos para acesso gratuito pela comunidade internacional. A iniciativa pode revolucionar o processo de construção do conhecimento, já que as novas pesquisas até agora estiveram restritas a publicações com assinaturas muito caras. A idéia é resultado dos contínuos atritos entre cientistas e publicações como Nature e Science, que são acusadas de retardarem o desenvolvimento ao restringirem o acesso a seus arquivos eletrônicos. “Registros escritos são o sangue que corre nas veias da ciência”, resume Harold Varmus, ganhador de Nobel na área médica que preside o projeto.
A Biblioteca, que conta com US$ 9 milhões doados pela Gordon and Betty Moore Foundation, terá inicialmente duas publicações. Como não será cobrada assinatura, as instituições que financiam os autores terão de pagar cerca de US$ 1.500 por artigo publicado. Convencê-las deste gasto adicional pode ser uma dificuldade, mas já houve manifestações positivas. O Howard Hughes Medical Institute, um dos principais dos EUA em pesquisa médica se disse disposto a pagar. Apoiadores do projeto afirmam que o custo extra é compensador, pois a pesquisa ganhará mais visibilidade. Além disso, os contribuintes americanos, que investem cerca de US$ 40 bilhões por ano em pesquisa médica não terão de pagar novamente para ter acesso aos resultados do que financiaram. Um problema que a Biblioteca pode enfrentar é se os cientistas adotarão as novas revistas, preterindo as já consolidadas.
As tradicionais editoras acadêmicas rebatem as críticas aos altos preços das assinaturas dizendo que elas servem para garantir a qualidade das publicações. As revistas científicas não restariam retardando o progresso, mas servindo como referência segura ao desenvolvimento, dada a forma criteriosa com que o conteúdo é escolhido. Contudo, em muitos casos a margem de lucro é bem grande. O conglomerado anglo-holandês Reed Elsevier Group, maior editora acadêmica do mundo, teve lucro de 30% com suas publicações científicas. Mas, como comenta Michael Eisen, biólogo e um dos fundadores da Biblioteca, o problema não &eacueacute; tanto o lucro por vezes excessivo. A questão principal é a propriedade sobre os artigos, que deixam de ter a projeção que teriam se estivessem disponíveis gratuitamente a todos.