OMBUDSMAN
O ombudsman do New York Times, Daniel Okrent, admite em entrevista a Howard Kurtz, do Washington Post [19/1/04], que não estava totalmente preparado para assumir o posto, recém-criado no jornal. "Sabia que as pessoas ficariam chateadas, independentemente do que eu fizesse. Mas até que se sinta isso de verdade não se sabe como é", comenta. Aos 55 anos, ele foi contratado para o posto de "editor público" após o diário enfrentar crise sem precedentes na redação, que derrubou o editor administrativo Gerald Boyd e o editor executivo Howell Raines.
O ex-editor da revista Life conta que recebe centenas de chamadas e e-mails todos os dias. Aos domingos, quando sai sua coluna, já há cerca de 50 mensagens em sua caixa postal pelas 7h. Entre as já esperadas reclamações de cunho ideológico, sempre há algumas reações surpreendentes por parte dos leitores. Quando Okrent comentou em sua coluna que o pré-candidato democrata à presidência Wesley Clark tinha predileção por um certo modelo de suéter, recebeu queixas de partidários do político e algumas feministas. "Por que você escreve sobre a maneira como este homem se veste?", perguntaram os leitores, segundo o ombudsman. "Quem poderia adivinhar que isso deixaria as pessoas bravas?" questiona.
Entre seus colegas do Times ele certamente também não está se fazendo muito querido. Afinal, lavar a roupa suja do jornal publicamente não deve agradar muito aos repórteres. No dia 4 de janeiro, por exemplo, Okrent criticou dois jornalistas, citando seus nomes, por terem truncado uma declaração do presidente George W. Bush, mas concluiu que se tratava de "um simples engano". Com freqüência, encaminha aos autores as críticas dos leitores. Depois, quando se reúne com os chefes de departamento, tem de ouvir mais reclamações: "Pare de me mandar tantos malditos e-mails!", dizem. Mas o ombudsman é compreensivo: "Eu entendo ? eles têm um jornal para fazer".