JORNALISMO INVESTIGATIVO
Responsável por grandes reportagens que denunciaram o envio de lixo tóxico americano a países do Terceiro Mundo e a operação do mercado ilegal de armas, o Center for Investigative Reporting acaba de completar 25 anos de existência. Fundado pelos repórteres Dan Noyes, Lowell Bergman ? interpretado por Al Pacino no filme O informante ? e David Weir (os dois últimos desempregados após a mudança editorial da Rolling Stone), o centro se inspirou no grupo de jornalistas que decidiu continuar o trabalho do colega Don Bolles, do Arizona Republic, morto em 1976 por um carro-bomba quando investigava a máfia local.
O CIR emprega 12 pessoas e tem um orçamento anual de US$ 1 milhão; sem fins lucrativos, é financiado por diversas fundações, como a Ford, a Carnegie Corp. e a MacArthur. Conta Dan Fost [San Francisco Chronicle, 24/10/02] que o centro atua escolhendo projetos e oferecendo-os para diversos veículos. Em 1981, produziu matéria revelando produtos banidos dos Estados Unidos que são exportados para outros países. A reportagem virou livro e foi exibida na NBC, o que tornou o CIR conhecido e aumentou as doações. No começo, revela Noyes, "pensávamos: o dinheiro pode acabar, mas pelo menos teremos realizado alguns projetos". Graças ao sucesso da investigação, muitas fundações se dispuseram a ajudar. "Não tínhamos idéia de que chegaríamos a completar 25 anos."
Os repórteres do centro já ganharam diversos prêmios, nunca foram processados pelas matérias que produziram ? o que os fundadores consideram um verdadeiro atestado de exatidão ? e se propõem a fazer algo em falta na imprensa: jornalismo investigativo. O controle corporativo e o corte de gastos (e de funcionários) parecem ter comprometido a capacidade de aprofundar o noticiário. "Reportagem investigativa é uma perda de dinheiro para corporações jornalísticas", comenta Burt Glass, diretor-executivo do CIR. "É caro, as histórias podem não der certo e você faz muitos inimigos."