JORNALISTAS NO FRONT
O repórter da CNN Brent Sadler e sua equipe de repente se encontraram sob fogo pesado em Tikrit, Iraque, no domingo, 13/4. A tropa armada que os acompanhava atirou de volta. Mais de 100 tiros foram trocados até que os repórteres saíssem do local a salvo.
A imagem dramática foi transmitida diversas vezes durante o dia, mas, após a euforia, alguns observadores da mídia julgaram a atitude imprudente. Segundo eles, a equipe da CNN ultrapassara a linha tradicionalmente clara entre o exército e os jornalistas, que não devem em momento algum estar entre os combatentes.
Alguns críticos, segundo Josh Getlin [Los Angeles Times, 14/4/03], entendem que, ao se envolver em combate, os repórteres perdem a neutralidade; outros, por sua vez, disseram que viajar com o exército e assumir os riscos da guerra pode ser necessário aos jornalistas.
"A CNN parece ter ido longe demais", disse Jean-Francois Julliard, porta-voz da ONG Repórteres Sem Fronteiras. Julliard disse que este incidente marca a primeira vez que veículos de mídia viajam em combate com seguranças armados particulares e que jornalistas utilizam desta proteção privada durante um conflito entre países.
A única exceção é o conflito na Somália, afirmou Joel Campagna, coordenador do programa de Oriente Médio do Comitê de Proteção aos Jornalistas. "Toda vez que se carrega armas ou se viaja com seguranças armados, abandona-se a percepção de que você é um não-combatente, o que deveria ser fundamental aos jornalistas. Mas jamais diríamos que é preciso sacrificar a própria segurança, se é isso que exige uma situação particular."
Sadler e outros repórteres denominados "independentes" ? que decidiram prosseguir a cobertura por conta própria, deixando as tropas militares que acompanhavam ? passaram semanas em condições de trabalho perigosas no norte do Iraque.
A CNN garantiu que seus repórteres em nenhum momento tocaram em armas. Um representante do Pentágono afirmou que "continua extremamente perigoso permanecer lá como jornalista independente".