FSP vs. CHICO BUARQUE
“Apoio a Cuba”, copyright Folha de S. Paulo, 9/05/03
“?Tivessem observado as regras básicas do simples, mas ótimo, ?Manual da Redação? da Folha, os responsáveis pelas reportagens sobre a suposta presença de Chico Buarque na lista de apoio a Cuba teriam poupado os leitores do jornal, nesta semana, de indesejados exemplos de mau jornalismo. Na terça-feira, embora o corpo da reportagem deixasse claro que não se sabia se de fato o cantor assinara ou não o documento e que a informação não tinha sido confirmada até o fechamento da edição, o que se viu na Primeira Página foi um título que dizia exatamente o oposto. Obrigada a se corrigir no dia seguinte, a Folha colocou a culpa em terceiros (no caso, as agências internacionais) e, pela segunda vez consecutiva, substituiu a apuração jornalística pelo exercício de adivinhação. Consultado pelo repórter do caderno Mundo, apenas confirmei que Chico não havia assinado o manifesto. Anteontem, para minha surpresa, leio o título ?Chico Buarque não defendeu Cuba, diz assessor? (pág. A13). O título poderia conter alguma verdade caso o repórter tivesse seguido a orientação do ?Manual? e formulado duas perguntas básicas: se a lista chegou às mãos de Chico e ele decidiu não assiná-la e se suas convicções sobre Cuba ainda permanecem as mesmas. O título, portanto, reportou apenas uma interpretação livre do fato, e não o fato em si.? Mario Canivello, assessor de imprensa (Rio de Janeiro, RJ)
Nota da Redação – Leia abaixo a seção ?Erramos?.
ERRAMOS – Diferentemente do que informaram a chamada ?Chico Buarque assina manifesto pró-Cuba? (Primeira Página, 6/5) e a reportagem ?Chico Buarque assina carta em favor de Cuba? (Mundo, pág. A12), baseadas em informações de agências internacionais de notícias, o compositor Chico Buarque não assinou abaixo-assinado em defesa de Cuba.”
FSP vs. JOSÉ SARNEY
“Senado”, copyright Folha de S. Paulo, 9/05/03
“?Não sei qual a intenção do informante do ?Painel? (?Grampos e brindes?, Brasil, pág. A4, 8/5) com o falso registro de que ?ACM foi comemorar sua absolvição na casa de José Sarney?. A única comemoração em minha casa neste ano foi pela passagem dos meus 73 anos, vividos com o carinho de minha mulher, filhos, netos, bisnetos e amigos.? José Sarney, senador (PMDB-AP), presidente do Senado (Brasília, DF)”
POLÊMICA / BRASÍLIA
“Artigo na Folha provoca polêmica”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 6/05/03
“Fernando Rodrigues, jornalista da Folha de São Paulo, escreveu artigo de opinião com o título de ?Brasília, 43?, publicado no dia 21/04, no qual ele compara Brasília a uma ?cidade do interior de Goiás?. No texto, ele fala sobre o dia do aniversário da cidade e sua experiência pessoal, ao trabalhar na capital federal. Rodrigues tece comentários criticando o trânsito, as opções profissionais, a origem dos formadores da cidade, os produtos nativos, entre outras coisas.
O artigo tem motivado muita discussão na cidade por parte de leitores do jornal, como também de outros jornalistas que residem e/ou trabalham no Planalto Central. (leia abaixo texto de Fernando Rodrigues)
Segundo Alexandre Marino, um dos leitores da Folha e também jornalista ?o tal artigo, preconceituoso e equivocado, tem gerado uma enxurrada de e-mails de brasilienses indignados. E apesar da polêmica ter começado há mais de uma semana, a briga ainda está quente. Eu tenho um site na Internet (aqui), onde discuto questões de jornalismo, e lá tenho recebido inúmeros e-mails de colegas se posicionando sobre o assunto?, afirma.
Marino chegou inclusive a enviar uma mensagem ao ombudsman da Folha na qual contesta veementemente o texto do jornalista. ?Não tive notícia que a Folha tenha dado qualquer resposta aos leitores indignados. No entanto, entre as pessoas da minha lista a quem enviei cópias do que escrevi a respeito, recebi também cópias de outras manifestações que foram enviadas àquele jornal?, desabafa.
O Correio Braziliense não ficou de fora da polêmica. A jornalista Conceição de Freitas, que ocupa, entre outras atribuições, o posto de titular da seção ?Crônica da Cidade?, também desferiu seus golpes, em texto publicado na edição do domingo (04/05). Segundo Conceição, no texto intitulado ?A ira da onça contra a má vontade do jornalista?, ?o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, mexeu com onça e onça do interior de Goiás?, ironiza. Leia aqui.
Num dos mais famosos grupos de discussão pela Internet de Brasília, a rede Hildenet, encabeçada por Hildebrando Souza Menezes Filho, as posições contra o artigo têm sido invariavelmente desfavoráveis a Fernando Rodrigues. Uma das posições mais contundentes é a do professor da UnB, Aldo Paviani, que, com mais 71 profisionais, organizou diversas coletâneas sobre Brasília. Tais obras foram publicadas com base técnico-científica. Paviani afirma que é assinante da Folha há anos, e mandou a seguinte mensagem ao jornalista: ?Há bobagens (muitas são clichês inventados por paulistas como ?ilha da fantasia? – que é homérica!!) e verdades (como a de que aqui temos 52% de trabalhadores nos serviços – claro, é a capital federal – como também é Washington). Pena que não falou dos corruptos e os ?300 picaretas? que os estados nos mandam e que tão injustamente nos dão essa fama. Por favor, escreva para que os Brasileiros nos mandem melhores representantes: isso daria um editorial fantástico (mas feriria os pruridos paulistas, cariocas, paranaense etc. que anunciam na FSP!!). De minha parte, como geógrafo, gostaria que, depois de ler as coletâneas abaixo referidas), você voltasse a escrever sobre Brasília, inclusive criticando, mas de forma mais embasada. Com meu abraço e votos de mais atenção ao falar dos carrapichos… Abaixo a lista, que, modestamente lhe ofereço para colaborar com a difícil tarefa de jornalista. Já passei por isso!). E Aldo Paviani enviou também uma lista de livros organizados.
Procurado pelo Comunique-se, Fernando Rodrigues diverte-se e surpreende-se com as reações ao seu texto. ?Ninguém contestou que o dito não era verdade. Dizem que não gosto de Brasília e isso sim não é verdade. Tenho recebido vários e-mails, mas nenhum contesta o texto baseado em fatos. Apenas escrevi sobre fatos. Se houve alguma interpretação a mais, ela está apenas na cabeça das pessoas. Todas as cidades têm defeitos. Apenas falei de Brasília com bom humor e bom humor é sinal de inteligência, afinal a vida necessita disso. Quanto as cartas no Painel do Leitor, sei que pelo menos três foram publicadas, atacando meu texto. E pode-se considerar que é um espaço muito bom, considerando-o disponível que temos para essas manifestações?, afirma Rodrigues.
O jornalista da Folha também responde às criticas do professor Paviani no que diz respeito aos ?corruptos de outros estados? que vêm para Brasília. Rodrigues explica que em 1997 ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo com uma série de reportagens feitas por ele acerca da corrupção na compra de votos para a emenda da eleição. ?Essa foi uma contribuição nossa contra a corrupção de parlamentares, resultando, inclusive, na renúncia de dois deputados. Tudo isso na era FHC. Além disso, durante 18 meses levantamos o patrimônio de todos os parlamentares no Congresso e disponibilizamos de graça na Internet (aqui), prestando um serviço à nação. Então, faço minha parte?, observa.
Não é a primeira vez que Fernando Rodrigues provoca a fúria dos brasilienses. Em 2001, também no dia do aniversário da cidade (21/04), publicou outro texto, ainda mais provocador que o desse ano. ?Se não me engano, na época fizeram até movimento com abaixo assinado e tudo mais, contra mim e minha presença em Brasília. Dessa vez a manifestação tem sido até menor?, finaliza.
Leia na íntegra o artigo de Fernando Rodrigues:
?Brasília faz 43 anos hoje. É a capital federal. Na realidade, trata-se do interior de Goiás.
A sucursal da Folha fica no centro. Há um shopping center em frente. É uma experiência almoçar lá. A barra da calça volta com carrapichos, e o sapato, sujo de terra. ?Foi pescar??, perguntam-me. ?Não, fui ao shopping comer?, respondo.
Brasília ainda tem uma infinidade de terrenos vagos na sua área central. Descampados com grama rala e terra à vista. Há poucas calçadas. A opção é andar no asfalto e correr o risco de ser atropelado.
Não faltam só as calçadas. Produz-se pouco aqui. Mais da metade (52%) da população candanga ocupada está no setor de serviços. Servir ao governo é o sonho dourado: 34,3% são funcionários públicos.
Às vezes aparece um empreendedor. Há pouco tempo surgiu castanha de baru torrada em padarias e mercados. Baru é uma árvore do cerrado. Provei. O gosto é semelhante ao do amendoim, mas custava quatro vezes mais. Não deu muito certo. Tem sido difícil encontrar baru.
Outra curiosidade são os acidentes de trânsito. Mesmo que só uma lanterna quebre, os carros param no meio da pista onde se chocaram. É o costume. Não há pressa.
Brasília está incompleta, talvez, porque há poucos habitantes originais da terra. Só 43,94% dos candangos nasceram aqui. O resto veio de fora (27,87% do Nordeste; 1,47% da região Sul). Muita gente está sempre chegando ou saindo. Não há identidade histórica com o local.
A classe média adora. Não vê os pobres. No bairro chique, o Lago Sul, a renda familiar é de 66 salários mínimos. As cidades-satélites escondem os miseráveis a 30 km de distância.
Um show promovido hoje para comemorar o aniversário da cidade é com a banda Kid Abelha. Brasília está chegando aos anos 80. Festejou como nunca a ascensão de Lula. Como disse o empresário beneficiado pela liberação da publicidade de cigarro no GP de Fórmula 1, ?isso é o Brasil?. E Brasília é a sua melhor síntese.?”