Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Para colunista, mídia exagera

IRAQUE

Em artigo para o Los Angeles Times [28/10/03], Max Boot critica a postura da imprensa americana com relação à ocupação dos EUA no Iraque. Ele acredita que as mortes de soldados têm ganhado muita ênfase na mídia, dando a impressão de que os militares estariam passando por dificuldades sérias para manter o controle da situação, o que não é verdade.

Desde o fim da fase de guerra propriamente (1o/5), 113 combatentes americanos foram mortos por iraquianos ? apesar de mais de 700 terem sido feridos e mais algumas dezenas morrerem em acidentes ou outras causas. Este número deixa claro que o Iraque não é, por exemplo, um novo Vietnã, onde se registraram 47.355 baixas para os EUA. Sequer alcança a guerra hispano-americana, de 1898, em que caíram 385 americanos.

Boot aponta dados do departamento de Defesa para mostrar como a campanha do Iraque tem causado relativamente poucas perdas humanas. Em 2002, 1.007 militares americanos morreram, 17 deles em combate (provavelmente no Afeganistão). Os 990 restantes foram vítimas de acidentes (538), doença (178), suicídio (130), homicídio (46) e outras causas não discriminadas (98). Se o número total for semelhante em 2003, haverá mais mortos por acidentes que na invasão do Iraque. Em comparação ao que acontece com a população civil, as baixas no Oriente Médio também são poucas. A cada ano, mais de 41 mil pessoas morrem nas estradas dos EUA.

"Quando visitei o Iraque em agosto, fiquei surpreso de ver as ruas cheias de pessoas que iam trabalhar calmamente. Nada na mídia me preparou para isso", comenta Boot. "A questão é que a mídia míope se concentra demasiadamente em contar baixas, e não em compreender o estado geral da campanha".