REVISTA FEMININA
Como tantas outras revistas femininas, a holandesa Sister Mainline tem editoriais de moda, matérias de culinária e dicas de beleza. A diferença está no público-alvo: mulheres de 20 a 65 anos viciadas em cocaína e heroína. Com uma tiragem de apenas 1.500 cópias, a publicação será distribuída a partir de dezembro em hospitais, prisões e zonas de prostituição na Holanda, e enfureceu os organizadores de campanhas contra as drogas na Europa.
Para estes, trata-se de um exemplo clássico de glamourização do consumo de drogas. Financiada em parte pelo ministério da Saúde holandês, a mensagem de Sister Mainline é que drogas pesadas não são essencialmente más, pois podem ser usadas de forma racional. "Você pode consumir drogas se for prudente e souber onde fica o limite", defende a editora-chefe Jasperine Schupp. "E para conhecer o limite é preciso dar informações objetivas às pessoas. Dizer a elas simplesmente que não façam não é o suficiente. O importante é abordar os riscos para que saibam o que pode dar errado."
Segundo Andrew Osborn [Guardian, 19/11/02], as matérias incluem um guia passo a passo de como injetar a droga, o diário de uma viciada, receitas para matar a fome causada pelo uso e dicas de beleza. "Quando se usa cocaína, ela confunde a cabeça e faz a pessoa querer se arranhar", explica Schupp. "Aconselhamos as leitoras a tentar se distrair e cortar as unhas bem curto." "Se você está feliz e saudável, pode continuar a usar drogas. Você pode fazer o que quiser, desde que não atrapalhe os vizinhos", argumenta a jornalista.