Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Participação da mídia na campanha

COBERTURA IRRESTRITA

Chico Bruno (*)

Diferentemente das eleições anteriores, a atual registra um recorde de participação da mídia. As maiores redes de televisão e de rádio do país estão dedicando espaços preciosos à campanha presidencial. A mídia impressa ampliou muito a cobertura do cotidiano das campanhas dos seis candidatos a presidente. Infelizmente, setores da política brasileira e alguns jornalistas políticos insistem em afirmar que a cobertura está tendenciosa.

No início de 2002 se afirmava que a mídia tendia para Roseana Sarney, Com a publicação da foto dos milhões apreendidos na Lunus, a mídia foi acusada de estar fazendo o jogo de José Serra; mais adiante jogava a favor de Lula. E, recentemente, foi acusada de estar ajudando a inflar a candidatura de Ciro Gomes. Hoje afirmam que a mídia voltou a ser pró-Serra.

Roda de bobinho

O interessante é que esta chorumela acontece sempre que um candidato começa se posicionar melhor nas pesquisas. Só Garotinho escapou desta mesmice, apesar de já ter conseguido, em determinado momento, chegar quase à segunda posição nas pesquisas de intenção de voto. Talvez por preconceito quanto a sua condição de evangélico, os detratores da mídia não acusam os veículos de comunicação de serem favoráveis ao candidato que, aliás, tem o grave defeito, assim como Ciro, de acusar a imprensa de prejudicar sua candidatura.

Um olhar caolho pode ser a razão destas acusações. Ao menor sinal da ampliação do espaço de um candidato em detrimento de outros, os patrulheiros da mídia azeitam suas armas e disparam, com a lengalenga de sempre: a mídia esta favorecendo fulano de tal.

Uma brincadeira muito utilizada no futebol serve para explicar isso: na roda do bobinho, os jogadores atentam para que o bobo não roube a bola, o que coloca um novo bobo na berlinda. A cobertura da mídia parte deste pressuposto. Quem rouba a bola da roda merece mais atenção dos jornalistas. É natural. Agora mesmo aconteceu um movimento deste tipo. Quando Ciro Gomes roubou a bola, ganhou espaço na televisão, no rádio, em jornais e revistas. Sua verborragia o fez perder a bola para Serra, que agora é o prato de resistência da campanha, enquanto Ciro Gomes é o novo bobo da roda. Até 6 de outubro ainda haverá muita alternância na cobertura da eleição presidencial, como também continuarão as acusações de tendenciosidade da imprensa. Uma questão que nem Freud conseguiria explicar.

(*) Jornalista