BLOOMBERG PREFEITO
"Republicano Bloomberg é eleito prefeito de NY", copyright O Estado de S. Paulo, 8/11/01
Um democrata recentemente convertido a republicano que nunca disputou cargo eletivo e até o mês passado estava mais de 20 pontos atrás de seu concorrente nas pesquisas, o bilionário Michael Blooomberg, de 59 anos, venceu as eleições de terça-feira para a prefeitura de Nova York. Ele bateu o democrata Mark Green, um veterano da política local, por uma margem de 3%, ou 40 mil votos num total de 1,3 milhão.
Fundador e dono da bem-sucedida agência de notícias financeiras Bloomberg, o prefeito eleito anunciou ontem que abrirá mão do salário de US$ 195 mil por ano. Ele aceitará apenas um pagamento anual simbólico de US$ 1 pelo trabalho de administrar Nova York, uma cidade ainda traumatizada pelos atentados terroristas de 11 de setembro que teria reconduzido o atual prefeito, Rudolf Giuliani, se a lei permitisse a reeleição para um terceiro mandato.
Bloomberg, divorciado e pai de dois filhos, deve a dramática virada nas urnas a dois fatores: o forte endosso que recebeu de Giuliani, hoje um dos políticos mais populares dos EUA graças à competência que demonstrou ao responder aos atentados, e aos US$ 55 milhões que gastou na campanha eleitoral da própria fortuna pessoal, avaliada em US$ 4 bilhões.
O triunfo de Bloomberg foi, no entanto, a única boa notícia para os conservadores nas três eleições mais visíveis, entre as dezenas de pleitos realizados na terça-feira. Candidatos democratas ganharam as disputas aos governos da Virgínia e New Jersey por margens confortáveis. O empresário Mark Warner, de 46 anos, que concorria pela segunda vez, venceu seu opositor republicano Mark Early, na Virgínia, por 5 pontos de margem. Mas o centrista Warner terá que lidar com uma Assembléia estadual francamente oposicionista num Estado de fortes inclinações conservadoras. Os republicanos aumentaram em 12 cadeiras sua bancada na Assembléia estadual e controlarão, agora, mais de 60 das 100 cadeiras. O avanço dos oposicionistas no Legislativo é um problema para Warner porque ele terá apenas um mandato de quatro anos para realizar seu plano de ampliação de investimentos em educação, saúde e infra-estrutura. Em contraste com os demais Estados, na Virgínia os governadores estão limitados a um único mandato.
Em New Jersey, James E. McGreevery , um ex-prefeito da cidade de Woodbridge que também concorria para governador pela segunda vez, obteve 56% dos votos para 42% dados a seu opositor republicano, Bret Schundler, um ultraconservador que não conseguiu mobilizar o apoio da ala moderada do próprio partido.
Analistas políticos evitaram tirar conclusões sobre o significado nacional das eleições, mas lembraram que os candidatos republicanos derrotados na Virgínia e New Jersey concorreram com as teses tradicionais do partido de redução de impostos e cortes no setor público, uma mensagem que já estava em baixa e perdeu ressonância em meio à redescoberta da importância do governo que os americanos fizeram depois dos atentados terroristas de 11 de setembro. Nesse sentido, essas eleições podem conter uma advertência aos republicanos para as eleições legislativas do ano que vem, quando estará em jogo o controle da Câmara que eles hoje detêm."
MALUF vs. FAVRE
"Maluf", copyright Folha de S. Paulo, 10/11/01
"O sr. Laranjeira, porta-voz do senhor Maluf, em carta à Folha teceu alguns comentários a meu respeito (?Favre?, ?Painel do Leitor?, pág. A3, 7/11). A turma que o sr. Laranjeira representa tinha menos reparos morais a respeito de casamentos múltiplos. O regime militar, que com tanto ardor defendiam, participou do casamento polígamo com ditaduras da Argentina, do Uruguai e do Chile, na famosa operação Condor. Que fosse com argentinos não incomodava a turma do senhor Laranjeira, nem tampouco que fossem vários, desde que os polpudos benefícios continuassem a cair no bolso dos que com a destruição da democracia lucravam. Essa turma que o senhor Laranjeira defende pouco se importava com a liberdade da imprensa, com o pluralismo e com o sofrimento dos seus próprios compatriotas, que, junto com argentinos, chilenos, uruguaios e outros, lotavam as prisões ou o exílio. O subscrito, judeu franco-argentino (se uns supostamente para se informar e outros por xenofobia muito se interessam pela minha nacionalidade, gostaria que, pelo menos, a declinassem corretamente), não fazia parte da turma que o senhor Laranjeira defende. Nunca fui filhote de nenhuma ditadura militar e sempre estive do lado dos povos que foram suas vítimas. Talvez por isso eu não tenha conta na Suíça nem em Jersey. Meus princípios morais não são os da turma do senhor Laranjeira. Luis Favre (São Paulo, SP)"
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"Favre", copyright Folha de S. Paulo, 7/11/01
"A Folha acolheu no ?Painel do Leitor? carta do argentino Luis Favre, ofensiva ao jornal (?Infames?, Opinião, pág. A3, 2/11). Para os menos informados, Luis Favre é o responsável pela separação do senador Eduardo Suplicy de sua então mulher, Marta Suplicy, a atual prefeita de São Paulo. O missivista, na carta, ataca Paulo Maluf, o que, vindo dele, era de esperar. O que é estranho é que quem escreve e foi bem acolhido em São Paulo, depois de cinco casamentos bem-sucedidos para ele, aproveite o espaço para atacar também a própria Folha. Justamente a Folha, o jornal que, com o pluralismo editorial e democrático que pratica, transformou-se em referência internacional de bom jornalismo. Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)
?Parabéns a Luis Favre, que, em carta publicada em 2 de novembro, pela primeira vez em muito tempo teve a lucidez de pôr a Folha no seu devido lugar. Luiz Antônio de Araújo (São Paulo, SP)"