Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Pena, escudo e lança

JORNAL DE PIRACICABA

Samuel Prfromm Netto e Carlos Roberto Sodero Martins


Pena, escudo e lança, de Samuel Prfromm Netto e Carlos Roberto Sodero Martins, Jornal de Piracibaba Editora/Edições PNA, Piracicaba, 2003; e-mails <jp@jpjornal.com.br> e <pna@pna.com.br>


Nossos propósitos, como autores deste livro, não são pretensiosos. Movem-nos apenas, primeiramente, o intuito de homenagear o centen&aacuteaacute;rio do Jornal de Piracicaba com uma publicação que ofereça ao leitor uma espécie de quadro de referência, necessariamente sintético, da marcha do valoroso periódico piracicabano no transcorrer de todo um século ? o único jornal piracicabano que, ininterruptamente, registrou em suas páginas o desenrolar dos acontecimentos na cidade, no país e no mundo durante todos estes cem anos. Além disso é nossa intenção oferecer ao leitor uma cronologia destes cem anos de notícias, acontecimentos, pessoas, iniciativas e outros itens dignos de registro que ganharam espaço nas páginas do JP desde a transição do século 19 para o século 20 até os tempos que correm. Uma espécie de "hora da saudade" para os piracicabanos de antigamente e os que, vindo de outras plagas, foram conquistados pelo feitiço da boa gente e da paisagem da "Noiva da Colina". E, ao mesmo tempo, uma evocação de outros tempos que poderá atiçar e satisfazer a curiosidade dos mais jovens, originando, quem sabe, pesquisas, teses, dissertações e estudos mais acurados.

A despeito da despretensão aqui mencionada, deram-se os autores ao trabalho de, em poucos meses, colher subsídios nas melhores fontes, consultar mais de uma centena de livros importantes e examinar, anos após ano, a coleção centenária do Jornal de Piracicaba ? muitos milhares de páginas pacientemente percorridas em busca do que, em alguma época distante, foi notícia. Do que despertou alegria, satisfação, apreensão, aborrecimento, cólera ou tristeza nos leitores do Jornal, de maneira a merecer pelo menos uma menção ou até uma manchete no matutino que, mais do que a uma empresa, pertence ao coração, à memória e ao dia-a-dia da cidade que viu nascer em 1900. Há, é claro, temas constrangedores. Há muita coisa pitoresca. Há eventos, iniciativas e pessoas que marcaram indelevelmente a história local. Pena é que, dadas as limitações de espaço e tempo disponíveis para a elaboração da obra, os autores tenham sido forçados a selecionar (nem sempre com acerto, desde já reconhecem) apenas uma pequena parcela das literais montanhas de informação guardadas nas páginas da coleção centenária do Jornal. Valham, no entanto, as nossas constantes preocupações com a objetividade e a serenidade do enfoque, a busca de dados, fatos e nomes de maior expressão, o exercício consciente de uma seleção pautada em critérios tanto quanto possível impessoais. Quem puder, que faça mais e melhor.

Inicialmente, os autores pretendiam, de modo metódico, focalizar não só o passado do próprio Jornal de Piracicaba, mas a partir do que este divulgou paulatinamente em suas edições, os itens de maior relevância colhidos tanto no passado estritamente piracicabano como no do Estado, do Brasil e do mundo. É óbvio que o JP noticiou e (ou) comentou, por exemplo, a eclosão e os episódios mais marcantes da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais, da Revolução de 1932, dos tempos das ditaduras getulista e militar (na medida em que os órgãos de censura daqueles tempos sombrios permitiram), das guerras da Coréia, do Vietnã e do Golfo Persa, da primeira caminhada do homem na Lua, do acidente nuclear de Chernobyl, da queda do muro de Berlim e do fim do comunismo na Rússia, nos planos internacional e nacional. Ou, no plano estadual, o que possa ter ocorrido de maior relevância, do governo dos antigos Presidentes do Estado até o governo Covas. Uma tentativa de singrar nessas águas nacionais e estrangeiras da caudalosa correnteza da História mostrou-nos, no entanto, que isto era trabalhoso demais. Demandaria muito mais tempo que os poucos meses disponíveis para a elaboração deste livro. Ademais, a proliferação de livros, coleções e números especiais de revistas e jornais consagrados ao século 20 como um todo, editados desde 1999 no país e no exterior, nos tranqüilizou, pois os leitores dispõem, agora, de fontes múltiplas e confiáveis a este respeito. O que faltava era o relato da trajetória percorrida pelo JP nos seus cem longos anos de vida. O que faltava era uma cronologia, baseada, na sua maior parte, nos registros do próprio jornal, do que ocorreu em Piracicaba de 1900 a 1999, já que as duas cronologias mais extensas e completas disponíveis (Camargo, 1900; Guerrini, 1970) não vão além do século 19.

O livro aqui está. Com as suas imperfeições, limitações e fragilidades. Como já foi dito, fizemos o melhor que pudemos, que coubesse em algumas dezenas de páginas e dentro de um prazo diminuto de elaboração, prazo que, em pesquisas mais alentadas, se traduz por anos e não por escassos meses. Dependendo do interesse que despertará e da sua aceitação, é propósito dos autores rever, modificar e corrigir o texto ora apresentado, valendo-se, para tanto, de suas investigações adicionais e dos acréscimos e reparos críticos de outras pessoas.

A primeira parte do livro resume a história do Jornal de Piracicaba. Esta história pertence a um passado bem maior ? o passado do jornalismo no mundo ocidental e particularmente nos países de língua portuguesa, a começar por Portugal, cujo primeiro jornal foi publicado entre 1641 e 1647. O Brasil integrou o império lusitano por mais de 300 anos. Daí termos dedicado o primeiro capítulo, "Antecedentes remotos", às origens da imprensa em língua portuguesa e aos primórdios do jornalismo no Brasil. O segundo capítulo resume as raízes do jornalismo paulista, cujos começos registram a atuação de dois nomes insignes ligados a Piracicaba: o Barão de Montalegre e o Senador Vergueiro. Os diversos periódicos piracicabanos que precederam o Jornal de Piracicaba são tratados no capítulo três. O capítulo seguinte é um breve apanhado de Piracicaba na virada do século, cenário em que nasceu o JP. No capítulo cinco, "Um novo jornal para novos tempos", o leitor encontrará dados e considerações sobre os primeiros tempos do Jornal de Piracicaba, desde a sua criação. O capítulo seis, "Tempos difíceis", trata das mudanças ocorridas no jornal desde 1901 até 1939, mais especificamente na época de João Franco de Oliveira. Os capítulos sete e oito propõem uma visão sumária da era Losso, iniciada por José Rosário Losso e seus filhos Fortunato Losso Netto e Eugênio Luiz Losso (1939-84) e continuada nas duas últimas décadas por seus descendentes, Antonietta Rosalina da Cunha Losso Pedroso, José Rosário Losso Netto e Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso.

A segunda parte do livro, que pode ser lida em paralelo com a primeira parte, desdobra a cronologia dos fatos e pessoas que marcaram época na história de Piracicaba, dividida por décadas, de 1900 a 1999.

Duas palavras finais de agradecimento. A primeira é para a dra. Antonietta Rosalina da Cunha Losso Pedroso e seu filho dr. Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso. Sem o apoio e o entusiasmo de ambos, estas páginas não teriam saído do manuscrito. Este agradecimento se estende, indistintamente, à laboriosa e competente equipe que faz o Jornal. O agradecimento número dois vai para o amigo, empresário, editor e diretor da FIESP Álvaro Stefani, que, em reunião realizada no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, tomou conhecimento do trabalho que realizávamos e se dispôs a colaborar substantivamente para que Pena, Escudo e Lança ? Cem Anos do Jornal de Piracicaba ganhasse a forma de livro, nas tumultuadas semanas finais de julho de 2000. A esses amigos boníssimos, a profunda gratidão e o melhor reconhecimento dos autores.