Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Perda de privilégios

RÚSSIA

O presidente Vladimir Putin revogou na sexta-feira, 4/10, o status especial da estação Radio Liberty, financiada pelos EUA. O decreto de 1991, assinado por Boris Yeltsin, concedia à emissora o direito de ter uma sucursal permanente em Moscou com rede de correspondentes e canais de transmissão garantidos. Desde então, o relacionamento da rádio com o Kremlin azedou, com a cobertura do conflito na Chechênia e a criação de serviços em línguas caucasianas, acusados pelo governo russo de alimentar sentimentos separatistas na região.

A sucursal de Moscou ainda não sabia dizer quais os efeitos práticos da anulação do decreto. O Kremlin afirma que a medida apenas altera o status da emissora, pois pretende dar oportunidades iguais a toda mídia estrangeira na Rússia. Igor Yakovenko, secretário do Sindicato de Jornalistas russo, defendeu a decisão, afirmando que ela tem base judicial e constitucional e que “nenhum veículo deveria ganhar condições de trabalhos exclusivas”.

O governo, incluindo o próprio Putin, já criticou a Radio Liberty no passado pela cobertura da guerra com a separatista Chechênia. “Apesar do fim da Guerra Fria e das relações entre russos e americanos terem alcançado outro nível de confiança e cooperação, a política editorial da rádio não apenas mantém sua inclinação ideológica como recentemente adquiriu um tom tendencioso”, disse um funcionário.

Tara FitzGerald [Reuters, 4/10/02] conta que Andrei Babitsky, repórter da emissora que cobriu a Chechênia, chegou a ser detido por tropas russas em janeiro de 2000 e desapareceu depois que o governo disse tê-lo entregado aos rebeldes em troca de prisioneiros. Babitsky foi liberado, mas acabou condenado por uso de passaporte falso e está em liberdade condicional.