GISELA ORTRIWANO (1948-2003)
André Barbosa Filho (*)
Companheiros, hoje [domingo, 19/10] perdemos uma amiga.
Especial porque não apenas foi a primeira a conseguir um título de doutorado no Brasil, cujo tema foi exclusivamente o rádio, mas porque esteve presente de modo substantivo nos trabalhos dos demais doutores que escolheram o rádio como objeto fundamental de pesquisa. Especial porque esteve presente nas qualificações de mestrado, nos projetos acadêmicos, encontros, seminários, congressos, enfim, em tudo o que dizia respeito ao rádio.
Seu primeiro livro publicado, A informação no rádio, é um marco referencial para todos nós, citado diariamente nas salas de aula das escolas de Comunicação deste país, em algum artigo ou tese.
Estive agora à noite em seu velório. O auditório Freitas Nobre do CJE-ECA/USP recebeu nas poucas horas em que pude observar a visita de professores, alunos, funcionários que foram prestar sua última homenagem a Gisela.
Sobre seu caixão, projetada, a foto da Gisela de algum tempo atrás (do tempo em que compartilhamos tempos difíceis na TV Cultura de São Paulo, na fase da repressão) parecia insistir, com seu sorriso meio escondido e seu olhar penetrante e direto, para que continuássemos nossa luta em prol da qualidade do ensino e da produção radiofônica neste país.
Amanhã, segunda-feira [20/10], depois de missa, seu corpo será cremado na Vila Alpina, e suas cinzas, conforme seu pedido, espalhadas pelo campus da USP, seu santuário.
Sua obra aí está. Para os que virão continuará a ser farol, que é para todos nós. Para os que com ela conviveram damos graças a sua existência, por melhorar a nossa, tornando-a mais digna através de seu exemplo de vida.
Adeus, Gisela, das plantas e das flores.
Adeus, guerreira do rádio brasileiro.
(*) Professor da ECA-USP; texto de mensagem do autor a amigos, datado de domingo, 19 de outubro de 2003