NEPAL
Para a própria mulher e os colegas, Krishna Sen era um homem gentil e um jornalista que escrevia apaixonadamente sobre os problemas dos camponeses do Nepal. Para o governo, era um maoísta revolucionário que apoiava uma organização terrorista que deu início a um conflito que durou sete anos e matou 8 mil pessoas, levando esse pequeno país à beira da anarquia.
É difícil saber quem está certo. Sen, editor do popular diário Janadesh, desapareceu há cerca de um ano. De acordo com Scott Baldauf [The Christian Science Monitor, 27/5/03], os jornais afirmaram que o jornalista fora morto pela polícia do Nepal. Seu corpo jamais foi encontrado.
O sumiço de Sen é apenas um dos muitos exemplos de um dos piores países para profissionais do jornalismo. Alguns assassinatos sumários em um país remoto ao pé do Himalaia não chamam tanta atenção da mídia como os de jornalistas estrangeiros no Iraque ou no Afeganistão. No entanto, no ano passado, oito repórteres foram mortos, 176 foram presos, seqüestrados ou detidos, e algumas dúzias mais foram torturadas tanto por rebeldes maoístas quanto pelo governo do Nepal, segundo a Federação de Jornalistas Nepaleses.
Nenhuma investigação foi ou deve ser feita, apesar da pressão de organizações locais e internacionais de direitos humanos. A razão oficial é de que investigações desse gênero poderiam suscitar mal estar em um momento delicado, no qual maoístas e governo iniciam acordos de paz.