Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Pesquisa acima da média

NOTAS DE UM LEITOR

Luiz Weis

Cem por cento de aprovação à Folha de S.Paulo pela página inteira da edição de domingo (12/10) ocupada por uma pesquisa sobre "o processo pelo qual a pessoa avalia os seus governantes", nos termos de quem a concebeu, o respeitado pesquiseiro Orjan Olsen, um dos sócios do instituto internacional Ipsos-Opinion.

Os "governantes", no caso, são o presidente Lula, o governador paulista Geraldo Alckmin e a prefeita paulistana Marta Suplicy. A "pessoa" foram os mil entrevistados em São Paulo.

É o raro chegar à mídia esse tipo de pesquisa, muito mais sofisticada do que aquelas que o (e)leitorado costuma encontrar. No box "Entenda como foi realizado o levantamento", Olsen informa que só deu divulgação a este por não ter sido para terceiros (partidos ou empresas). E este leitor não se lembra de a Folha ter aberto uma página para uma pesquisa política no Brasil que não trouxesse a assinatura "DataFolha".

O trabalho é para lá de revelador. Por ele se fica sabendo, entre outras coisas, que 43% dos paulistanos não foram capazes de citar espontaneamente nenhum aspecto negativo no desempenho de Lula (e 27% não viram nada que preste na sua atuação). No caso de Marta, os resultados foram 23% e 29%. No caso de Alckmin, 52% não têm do que se queixar e só 15% não têm o que elogiar.

A pesquisa investiga também a percepção da vontade e empenho com que cada um deles se dedica a uma pilha de questões, e os resultados que teriam alcançado; a percepção da dicotomia discurso x ação (falar mais do que fazer, fazer mais do que falar e equilíbrio entre as duas coisas); e a percepção das qualidades que têm ou não.

Na soma algébrica do ser ou não ser, Alckmin termina com saldo de 63 pontos, Lula com 61 e Marta com 6.

Quem debulhou a numeralha foi a repórter Renata Lo Prete, autora do texto direto e didático que abraça as tabelas e gráficos. A conclusão, com palavras um tanto rarefeitas, é que "Lula e Alckmin sobrevoam rota de Marta", como diz o título da matéria, que só faz sentido quando se lê ao antetítulo: "Percepções positivas sobre presidente e governador indicam para ambos peso significativo na sucessão municipal" [por que não "indicam que ambos têm peso?"?]