Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Pior, só na guerra

ALEMANHA

Jornais alemães estão sofrendo abalo devido à baixa do mercado publicitário e à diminuição das vendas. "Vivemos a maior crise desde a Segunda Guerra", lamenta o presidente da Axel Springer Verlag, uma das maiores editoras do país, que fundiu as equipes de dois de seus diários, Die Welt e Berliner Morgenpost. Com mais de 300 jornais circulando numa população de 82 milhões de pessoas, a Alemanha é o segundo maior mercado de mídia do mundo.

A Federação de Editoras de Jornal afirma que as vendas caíram, em média, 2,6% no primeiro trimestre de 2002 e que, até maio, a venda de espaço publicitário diminuiu 14%. Os maus tempos são visíveis nos maiores jornais. O Südddeutsche Zeitung anunciou que demitirá 10% de seus funcionários ? cerca de 500 pessoas- e que acabará com seu caderno semanal para jovens. O espaço de propaganda vendido diminuiu 22% neste ano.

A Editora Gruner + Jahr anunciou a venda de dois diários importantes, Berliner Zeitung e Berliner Kurier de Berlim para a concorrente Georg von Holtzbrinck, que já é dona do Tagesspiegel, outro grande diário da cidade.

Algumas editoras cogitam ingressar no ramo de televisão comprando fatia da megacorporação Kirch, que faliu recentemente. Segundo a agência Deutsche Presse-Agentur [18/7/02], empresas de mídia e bancos estão concorrendo fortemente para ver quem consegue comprar os 40% de participação da Kirch na Axel Springer, que também controla o influente tablóide Bild.

CAZAQUISTÃO

Irina Petrushova, dona de periódico do Casaquistão cuja redação foi incendiada após cobrir caso de corrupção envolvendo o presidente Nursultan Nazarbayev, foi condenada a 18 meses de prisão e, em seguida, anistiada. Sua publicação, a Revista de Negócios da República, havia perdido licença de funcionamento e vem sendo feita em sala emprestada pelo canal de TV Tan, também perseguido pelo governo, com autorização conseguida por um amigo. Este procedimento acabou fazendo com que fosse processada por "empreendimento ilegal". Durante o julgamento, de três semanas, policiais já haviam alertado a jornalista de que para ela seria melhor deixar o país. A condenação seguida de liberação teria sido só mais uma forma de intimidar. "São métodos da KGB", acusa Irina, que já sofreu outros tipos de ameaça.

Diversos veículos de imprensa estão tendo problemas desde que se descobriu que Nazarbayev mantém uma conta na Suíça com US$ 1 bilhão, oriundos da venda de petróleo estatal. Ele alega que o dinheiro serviria para manter o equilíbrio da moeda do país, mas essa desculpa não convenceu a todos os 16 milhões de cazaques. O governo do Cazaquistão não assumiu ligação com atentados violentos contra jornalistas e, sobre os problemas burocráticos e a suspensão de licenças de funcionamento, afirma que só estaria fazendo cumprir as leis do país.

O embaixador americano Larry Napper tem dado apoio moral aos jornalistas independentes cazaques. Ele visitou as instalações destruídas da Revista de Negócios e escreveu comunicado demonstrando preocupação. "Este ato de violência levanta sérias questões sobre a segurança da mídia independente do Cazaquistão." Informações do Los Angeles Times [22/7/2002]

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