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A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, sigla em inglês) informou que as vendas de discos no mundo caíram 5% em 2001, num total de US$ 33,7 bilhões. Os principais motivos para a baixa, além da crise econômica global, são a troca de músicas pela internet e a crescente pirataria de CDs. Na América do Norte, o índice foi de 4,7%, na Europa 0,8% e no Japão 9,4%.
"Os problemas do setor não refletem queda na popularidade da música gravada, mas refletem a desvalorização comercial da música por causa da massificação de cópias", analisa Jay Berman, presidente da organização. Durante a apresentação do relatório da IFPI, um funcionário gravou o equivalente a 25 álbuns em 20 minutos para mostrar o impacto da cópia particular no mercado. "Fazendo isso, por que alguém sairia de casa pra comprar disco?", indagou Berman retoricamente. O efeito da ação individual foi ressaltado; programas como Kazaa e Morpheus, que possibilitam a obtenção de canções em MP3, influenciaram muito o mau desempenho das gravadoras.
De acordo com Bernard Warner, da Reuters [16/4/02], há tendência de aumento do uso de trava contra cópia nos CDs. "Devido ao baixo índice de reclamações de consumidores, usaremos a proteção na maioria dos lançamentos populares", diz Jorgen Larsen, presidente da Universal Music International. Sem entrar em detalhes, ele comentou que a empresa também vislumbra boas possibilidades de negócio no oferecimento de downloads pagos na internet. As maiores gravadoras ? como Sony, Warner, EMI, Universal e BMG ? já têm este tipo de serviço, mas deve demorar no mínimo cinco anos para que traga algum resultado significativo, segundo especialistas da área.
Pressão aumentada nos EUA
Os dados da IFPI ajudam a aumentar a pressão pela defesa dos direitos autorais no EUA. A Aliança Internacional da Propriedade Intelectual (IIPA, sigla em inglês) afirma em relatório que 6% dos trabalhadores americanos – 8 milhões de pessoas – são empregados de alguma empresa que depende de direitos autorais, como gravadoras e estúdios de cinema. Segundo a Hollywood Reporter [23/4/02], o setor seria responsável por 5,24% do PIB americano, tendo crescido mais que o dobro dos outros ramos nos últimos 24 anos. "Proteção robusta da propriedade intelectual e aplicação das leis ficaram ainda mais indispensáveis para um crescimento forte da economia", afirma Eric Smith, presidente da IIPA.
As companhias vêm apertando o governo para que sejam regulamentadas novas leis que coíbam a pirataria digital. Michael Eisner, presidente da Disney, acusou os fabricantes de computadores de se beneficiarem da pirataria, e tenta passar lei que obrigue os equipamentos eletrônicos a terem mecanismo que impossibilite a pirataria.
WASHINGTON MONTHLY
The Washington Monthly, revista neoliberal que vem se equilibrando à beira da falência desde sua criação em 1969, encontrou o salvador que prolongará sua existência por mais algum tempo. Depois que o fundador e editor-chefe Charles Peters se aposentou ano passado, parecia que não haveria mais salvação, até que Markos Kounalakis, jornalista, escritor e homem de negócios, se comprometeu a contribuir com até US$ 1 milhão nos próximos anos, enquanto busca novos financiadores.
A revista será reestruturada para se tornar sem fins lucrativos. Os acionistas concordaram em devolver todos certificados de ações ? que, de qualquer maneira, já não valiam nada ? para que essa mudança pudesse ser empreendida. "Pra mim não é problema transformar a Monthly em não-lucrativa ? na verdade parece que já éramos mesmo", comentou Warren Buffett, um dos grandes fomentadores da publicação.
A Monthly, apesar da circulação pequena (16,5 mil exemplares), sempre produziu matérias de repercussão. Sendo o veículo quase-oficial da vanguarda neoliberal, perdeu força editorial quando Bill Clinton pôs em prática quase todas as reformas pelas quais seus textos advogavam.
Os cerca de US$ 200 mil que Kounalakis injetou até agora não resolveriam muita coisa em uma editora comum, mas no caso desta revista é uma boa ajuda, graças à maneira austera com que é administrada. David Carr, do New York Times [22/4/02], compara a redação a um quartel. Mesmo assim, ressalta, grandes nomes saíram dali, como Katherine Boo, vencedora de Pulitzer, e o fundador da Slate, Michael Kinsley.