CASO WATERGATE
Após 31 anos, o Caso Watergate continua atraindo multidões. O público lotou o auditório da faculdade St. Mary, em Maryland, na noite de 17/10 para ouvir Bob Woodward e Ben Bradlee, do Washington Post, dizerem como foi ser o centro das atenções de uma das mais importantes reportagens da história dos EUA.
Bradlee era editor-executivo do jornal durante o caso Watergate; hoje é vice-presidente da Washington Post Co. Woodward e seu colega Carl Bernstein foram os jovens autores da polêmica matéria que acabou levando à renúncia do presidente Richard Nixon.
Woodward, que tinha 29 anos e apenas nove meses de carreira no Post quando da publicação que o deixou famoso, falou ao público sobre diversos momentos memoráveis durante a investigação do Watergate, entre eles o convite para almoço com Katharine Graham, ex-presidente da Washington Post Co. e na época publisher do jornal. As palavras de Katharine, de acordo com o jornalista, o motivaram a continuar uma investigação que parecia àquele ponto impossível de avançar.
Woodward, segundo Joshua Partlow [The Washington Post, 23/10/03], também contou como foi o primeiro erro sério que a dupla cometeu na apuração do caso. Em outubro de 1972, eles afirmaram que o tesoureiro da campanha de reeleição de Nixon, Hugh Sloan, testemunhara que H.R. Haldeman, chefe de pessoal da Casa Branca, controlava um fundo secreto utilizado para financiar sabotagem política. Haldeman realmente controlava esse fundo, mas Sloan nunca dissera nada a respeito, e as cartas negando isso choveram na redação.
A audiência participou do evento com perguntas aos jornalistas. O previsível momento em que alguém perguntou por que não revelar a identidade de Garganta Profunda, informante crucial na revelação do escândalo, não tardou a chegar. Mas não foi dessa vez que seu nome verdadeiro veio à tona. "Garganta Profunda é uma fonte que mentiu à família, a amigos e colegas ao negar que nos ajudara", disse Woodward. "Quando ele morrer, revelaremos, e toda a história será contada".