JB, GZM & GREVE
"O baú do lobista", copyright Veja, 24/10/01
"No dia 10 de outubro passado, uma equipe de policiais invadiu, com autorização judicial, o escritório do maior lobista de Brasília, Alexandre Paes dos Santos, dono de um plantel de trinta clientes de primeiríssima linha, todos multinacionais. Os policiais revistaram gavetas, abriram armários e, como o lobista perdera a chave de um cofre, arrombaram-no com uma furadeira, onde só encontraram maços de dinheiro. Saíram carregando uma caixa de papelão com treze microcassetes, dezenove fitas de vídeo, dois gravadores, dois aparelhos próprios para gravar conversas telefônicas, um punhado de documentos e o mais precioso de tudo: a agenda pessoal do lobista. Falta examinar parte do material apreendido, mas a agenda já foi esmiuçada. Homem meticuloso e organizado, APS, como é conhecido, anotava tudo ali com sua caligrafia miúda: encontros sigilosos, resumo de conversas, esboços de estratégias, planos de ataque, fraquezas dos inimigos e até intrigas de alcova. É a primeira vez que os segredos de um lobista tão poderoso em Brasília vêm a público. E são revelações de arrepiar.
No dia 5 de abril passado, seus apontamentos sugerem o pagamento de suborno. APS anota que o processo contra sua cliente, a White Martins, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), requeria uma defesa ?tecnicamente muito bem elaborada, pois seria temerário não aplicar a multa?, e acrescenta que a multa não pode ser cancelada para ?não levantar dúvida sobre o Cade e a empresa?. Mais adiante, chega a escrever que a tal multa deve ser de ?mais ou menos 30 milhões de reais?. Encerra os comentários afirmando que ?o custo para a empresa perante o Cade será baixo, mais ou menos 100.000?. Custo? Como se sabe, o Cade e seus conselheiros não cobram taxas por julgamento de processo. O processo da White Martins, de número 0800-022579/97-05, trocou de conselheiro e até hoje não foi julgado pelo Cade.
No dia 16 de fevereiro, as anotações sugerem sabotagem e superfaturamento em Furnas, uma das maiores do setor elétrico do país. Diz que a companhia encomendará, em caráter de urgência, dois transformadores à multinacional Asea Brown Boveri (ABB). Escreve que a operação foi feita às pressas, que os equipamentos explodiram, provavelmente em razão de ?uma sabotagem?. Em seguida, diz que uma empresa forneceria o mesmo transformador por 1,5 milhão de dólares, enquanto o da ?ABB é quase o triplo?. Furnas comprou, em regime de urgência e sem licitação, dois transformadores, ao custo total de 7 milhões de dólares, da suíça ABB. ?Os transformadores antigos deram um defeito?, informa a assessoria de Furnas.
No mesmo dia 16 de fevereiro, APS observa que existe um ?esquema? em Furnas, estatal presidida pelo ex-ministro Luiz Carlos Santos. ?Existe a suspeita muito forte de que o doutor Luiz Pardo leva os valores e os mesmos não chegam na sua totalidade às mãos de quem de direito. Existe um esquema Luiz Pardo.? Luiz Pardo é diretor comercial da ABB, uma fornecedora de Furnas. Procurado por VEJA, Pardo mandou dizer que não comentaria o assunto. O curioso é que, entre os clientes de APS, inclui-se a própria ABB. Esse detalhe pode emprestar credibilidade à suspeita do lobista da existência de um ?esquema?, na medida em que seria descabido que anotasse na agenda calúnias sobre seu cliente.
?Trastevere, 21 horas? – Os segredos de APS caíram nas mãos da polícia em razão de um caso de extorsão. No início de setembro, APS confidenciou a uma amiga jornalista que tinha em seu poder uma fita gravada na qual assessores do ministro da Saúde, José Serra, extorquiam dinheiro do executivo de uma indústria farmacêutica. Em troca da propina, destinada a financiar a campanha presidencial de Serra, a empresa seria autorizada a vender um de seus medicamentos no país. A jornalista contou a história a um assessor de Serra, que a relatou ao ministro, que chamou a polícia, que invadiu o bunker do lobista. A tal fita, se existe, não foi encontrada. Acuado, o lobista se apressou em dizer que foi mal interpretado. Disse que não falou em fita, não a tem em seu poder, não sabe se existe extorsão no ministério nem teve intenção de chantagear ninguém. ?Queria apenas alertar sobre boatos de uma suposta tentativa de achaque?, diz ele. Na sexta-feira, porém, em entrevista a VEJA, o lobista resolveu contar tudo o que sabe.
Diz que, no dia 14 de agosto passado, o checo Andreas Strakos, presidente no Brasil da Novartis, o maior laboratório farmacêutico do mundo, esteve em Brasília. APS encontrou Strakos no hotel Bonaparte, de onde o levou até um restaurante de comida italiana, o Trastevere. Strakos jantou com dois assessores de Serra, que condicionaram a comercialização do Glivec, medicamento da Novartis usado no combate à leucemia, a uma contribuição financeira para a campanha do ministro. No dia seguinte ao jantar, do qual APS diz que não participou, Strakos esteve no escritório do lobista. Contou que fora achacado pelos assessores. Qual o valor do achaque? APS não diz, mas seus amigos mais próximos contam que ouviram falar em 500.000 dólares. Um dos assessores identificados é Renilson Rehem, secretário de Assistência à Saúde. Ele se mostra injuriado com a acusação e diz que jamais esteve no Trastevere. Andreas Strakos também descartou qualquer possibilidade de ter participado do jantar no restaurante italiano.
Confrontado por VEJA com a informação de que esteve em Brasília no dia 14 de agosto – chegou a bordo do vôo 5186, da Rio-Sul, procedente de São Paulo, e desembarcou às 20h27 -, Strakos voltou atrás e admitiu que esteve na capital naquele dia e também reconheceu que jantou no Trastevere. Com quem? Com um amigo que ele se recusa a identificar. Na semana passada, depois que o caso veio a público, APS conta que recebeu vários telefonemas de Strakos, nos quais o executivo lhe pedia que negasse a história para a imprensa e combinaram romper o contrato de ambos. O rompimento aconteceu na terça-feira, mas ambos concordaram em colocar uma data retroativa, de 2 de outubro, para não dar na vista. APS então cedeu ao pedido de Strakos durante toda a semana, negando a história, mas na sexta-feira decidiu contar. Um dado reforça sua versão de que o jantar pode mesmo ter acontecido. Na agenda do lobista apreendida pela polícia está registrado o seguinte com referência ao dia 14 de agosto: ?Andreas – 19h30. Jantar com dr. Renilson. Trastevere. 21 horas?.
Lista de inimigos – Com sugestões de caixinhas, esquemas, chantagem, superfaturamento e suborno, os segredos de APS mostram que sua atuação vai além da atividade normal de um lobista, de fazer contatos, abrir portas e gerar influência. Num papel timbrado da Câmara dos Deputados, por exemplo, ele descreve todo o organograma dos inimigos do banco Opportunity, que há três anos trava uma guerra fratricida com a TIW, operadora canadense, pelo controle de duas telefônicas, a Telemig Celular e a Tele Norte Celular. Na anotação, o lobista sugere que a TIW conta com a simpatia de um naco poderosíssimo do governo. Mas o maior amigo da TIW está fora do governo, segundo as anotações: é o empresário Nelson Tanure. Em seus rascunhos, o lobista informa que Tanure, dono do Jornal do Brasil, foi caixa de campanha do ex-senador Jader Barbalho e do senador Gilberto Mestrinho, de quem conseguiu arrancar facilidades junto à Zona Franca de Manaus. Tanure ainda aparece como financiador das campanhas do senador Bernardo Cabral, do deputado José Carlos da Fonseca Junior, ex-assessor do ministro Pedro Malan, e de Luiz Paulo Velloso Lucas.
?É absurdo. Faz mais de dez anos que não troco palavra com Tanure. Isso é mentira?, reage Cabral. Se o organograma de APS estiver correto, o empresário Nelson Tanure já foi, ou tentou ser, uma porção de coisas diferentes. Diz que Tanure vitaminava seus negócios com a ajuda dos fundos de pensão. Que atuou no mercado de moedas podres usando informações privilegiadas do Banco Central, que recebia diretamente da presidência e da diretoria de fiscalização. Diz, ainda, que Tanure é sócio oculto de um banco carioca, o Fator, no qual usa como seu testa-de-ferro o economista João Maia, ex-assessor de Zélia Cardoso de Mello. ?Não vou comentar nada?, Tanure mandou dizer a VEJA. Com escritórios em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Miami, APS é um lobista de sucesso. Entre seus clientes, dos quais não cobra menos de 20.000 reais por mês, incluem-se gigantes como Johnson & Johnson, Carrefour e Pirelli. Em Brasília, circula com desenvoltura pelo Congresso. Tem até crachá de livre trânsito na Câmara. Foi presente do deputado Arnaldo Faria de Sá, do PPB paulista. ?Ele é meu amigo?, diz o deputado. De fato, não há dúvida de que APS tem muitos amigos – e informações escaldantes. (Com reportagem de Malu Gaspar)"
"GZM e grevistas continuam em ‘guerra’", copyright Comuique-se (www.comunique-se), 22/10/01
" A juíza Maria Aparecida Pellegrina, do TRT de São Paulo, fez uma tentativa de conciliação entre a Gazeta Mercantil e os grevistas. Ela propôs aos jornalistas que voltassem ao trabalho mas mantivessem o estado de greve. ?Não vamos aceitar isso?, disse fonte a Comunique-se.
O adiantamento do mês de novembro não foi depositado, causando mais revolta entre os jornalistas. ?Eles estão se recusando a dar qualquer previsão para o pagamento?, indignou-se fonte.
Na semana que vem, a juíza deve julgar a legalidade da greve.
Foram incessantes mas em vão os esforços dos jornalistas da Gazeta Mercantil de conseguirem a adesão dos gráficos. O vice-presidente do Sindicato da categoria de São Paulo, Nilson do Carmo Pereira, disse a Comunique-se que a diretoria da gráfica GZM está negociando um prazo para pagamento dos salários atrasados há dois meses e para o depósito do FGTS. ?Não vai haver paralisação, pelo menos por enquanto?, disse Pereira.
Jornalistas de Brasília foram recebidos nesta quinta (18/10) pelos três grupos presidentes de tribunais superiores em Brasília: Marco Aurélio de Mello (STF), Paulo Costa Leite (STJ) e Almir Pazzianotto (TST). Os grevistas expuseram suas reivindicações e os problemas do jornal.
Os ministros Paulo Costa Leite e Almir Pazzianotto lamentaram os atrasos no pagamento de salários. Costa Leite disse não ter dúvidas de que representa ?uma fraude? o mecanismo aplicado na TV Manchete e no JB, e que poderá ser estendido à Gazeta Mercantil – deixar na razão social antiga a parte podre formada pelos passivos trabalhistas e, na nova razão social, as receitas. ?Sem dúvida é um processo fraudulento. Um absurdo?, disse.
Almir Pazzianotto disse que os jornalistas ?estão muito certos? em protestar contra o diário. ?A responsabilidade principal de qualquer empresário é pagar em dia os salários e direitos trabalhistas aos empregados?. Pazzianotto ligou para os ministros José Gregori (Justiça) e Francisco Dornelles (Trabalho) para pedir que eles recebam os jornalistas da GZM na próxima terça-feira (23/10).
Segundo o diretor do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Beto Almeida, Marco Aurélio de Mello mostrou-se muito preocupado com a situação da GZM. Eles apresentaram ao ministro detalhes sobre os atrasos no pagamento de salários.
O presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, recebeu na sexta (19/10) jornalistas da Gazeta Mercantil. Segundo fonte, Magliano disse que vai procurar buscar informações sobre as negociações da GZM. ?Ele considerou a questão muito importante para a transparência no mercado, já que a Gazeta tem ações negociadas na Bolsa, embora de baixa liqüidez?, disse fonte.
Na quarta-feira (17/10), jornalistas procuraram senadores e deputados federais para expor a situação na Gazeta Mercantil. Eles conseguiram acertar com o senador Eduardo Suplicy (PT) um pronunciamento durante a votação de concessão da TV Ômega, que aconteceu nesta quinta, em que ele tentou buscar ligações entre os processos societários envolvendo a antiga TV Manchete, a GZM e o Jornal do Brasil.
O contato dos jornalistas com os políticos no Congresso Nacional resultou numa iniciativa do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) de pedir o comparecimento de Nelson Tanure e Luiz Fernando Levy no plenário da comissão para explicar as negociações entre o JB e a GZM – resta saber se ainda interessa a Berzoini conversar com ambos, já que o acordo foi cancelado.
Uma comissão formada por três jornalistas levou ao TRT a documentação exigida na quarta-feira (17/10), comprovando o atraso dos salários de 60 jornalistas desde julho deste ano."
VEJA X JB
"Delinqüentes da Imprensa", Editorial, copyright Jornal do Brasil, 23/10/01
"O bando de jornalistas dedicados à produção de ?reportagens investigativas?, pressurosamente publicadas por órgãos de imprensa dispostos a surfar nas ondas do denuncismo, assemelha-se a uma matilha de pitbulls. Seus integrantes freqüentemente se lançam com fúria irracional contra inocentes. Basta sentir o cheiro do dono, contudo, para que os espécimes da raça se comportem como os mais dóceis de seus primos muito distantes. Encolhem-se com a delicadeza do cocker spaniel. Quando muito, latem sem sobressaltar ninguém, como um chihuahua.
Prenhes de valentia no momento do ataque a gente que desconhecem, esses talibãs especializados na confecção de notícias explosivas, ainda que escancaradamente falsas, exibem o recato de uma afegã quando lidam com assuntos que envolvem os próprios patrões. Examine-se, para ilustrar a tese, o comportamento dos guerreiros da investigação a serviço da revista Veja em relação a dois empresários. Um é Nelson Tanure, acionista da empresa que edita o Jornal do Brasil. Outro é Roberto Civita, presidente da Editora Abril e dono daquela publicação.
Na edição que está nas bancas, o semanário de Civita vale-se da papelada de um conhecido lobista e extorsionário de Brasília, Alexandre Paes dos Santos, para ministrar uma lastimável aula de imprensa marrom, subscrita irresponsavelmente pelo repórter Policarpo Junior. A vítima é Nelson Tanure, aparentemente condenado à danação eterna por ter-se juntado ao esforço de recuperação financeira do Jornal do Brasil. Sob o título ?O baú do lobista?, aparece não a foto de seu inspirador, Alexandre Paes dos Santos. Aparece a de Tanure, citado só duas páginas além, no último parágrafo do texto. Trata-se de uma inversão catalogada como delinqüência ética em qualquer bê-á-bá do jornalismo.
Não é só. A revista anexou à foto do empresário uma página contendo anotações manuscritas pelo extorsionário, vinculadas a Tanure. Homens de boa-fé ali encontram rabiscos que misturam algumas trivialidades, todas ao alcance de um conversa com amigos ou vizinhos do empresário – nome da secretária e número de filhos, por exemplo -, com ilações e insinuações delirantes. Sempre mais atilado que o restante do planeta, o repórter conseguiu enxergar, naquele baú de intrigas e malignidades, informações confiáveis.
Do alto dessa dedução, o autor do texto ancorou-se no truque de insultar o empresário com ?informações? colhidas na fonte suspeitíssima. Trata-se de um extorsionário, que ressalvara ao repórter jamais ter conversado com Tanure. Nada disso inibiu a ação do pitbull da imprensa. Veja, que se considera uma leitura indispensável, não tardará a descobrir os estragos decorrentes do desprezo pela equanimidade, da discriminação ostensiva, do desrespeito por códigos éticos. Por enquanto, a revista da Editora Abril parece preocupada em preservar exclusivamente a maloca onde se aglomeram seus morubixabas.
Há poucos meses, o jornalista Mino Carta publicou um livro, O Castelo de Âmbar, em que relata, recorrendo a diferentes técnicas narrativas, sua longa e rica experiência. Há quem goste muito de Mino Carta, há quem dele não goste. Uns e outros jamais lhe negaram a condição de homem honrado e o talento profissional. Agudo observador de cabeças, almas e caracteres, a certa altura o jornalista insere na obra um capítulo de livro de memórias e, na terceira pessoa do singular, descreve momentos muito interessantes do seu convívio com Roberto Civita, então vice-presidente da Editora Abril. Mino era diretor de redação da revista Veja, que não publicou uma única palavra sobre O Castelo de Âmbar. Com a credibilidade que extorsionários não merecem, ele oferece informações que um bom repórter investigativo não deixaria passar ao largo. Os de Veja fingiram que não era com eles.
Mino conta que, em 1975, Roberto Civita promoveu manobras internas que resultaram na demissão do teatrólogo Plínio Marcos, titular de uma coluna de esportes na revista, e, depois, no afastamento do próprio diretor de redação, para que o governo militar do presidente Ernesto Geisel fosse mais generoso com a empresa. Civita tinha a promessa de ver a censura suspensa caso fizesse tais concessões. Sobretudo, ele e outros diretores sonhavam com a liberação pela Caixa Econômica Federal do empréstimo solicitado pela Abril, 50 milhões de dólares em valores da época, que daria consistência aos combalidos cofres da editora. Cabeças rolaram, a censura foi suspensa, o dinheiro saiu. E este é apenas um instante numa longa trajetória apimentada por lances indecorosos.
Trata-se de uma leitura pouco edificante, mas muito instrutiva. Como serão instrutivos os efeitos do combate impenitente que o Jornal do Brasil promete travar contra o império da arrogância leviana."
"Tanure e JB reagem a Veja e Roberto Civita", copyright Comunique-se, 23/10/01
"O Jornal do Brasil reagiu com violento editorial, nesta terça-feira (23/10), à reportagem na revista Veja, que está nas bancas, sobre o lobista Alexandre Paes dos Santos, cuja agenda, apreendida pela polícia, tem várias anotações sobre Nelson Tanure, principal acionista da Companhia Brasileira de Multimídia, atual editora do JB.
O editorial, sob o título ?Delinqüentes da Imprensa?, se refere a Policarpo Júnior e outros repórteres de Veja não identificados como ?talibãs especializados na confecção de notícias explosivas, ainda que escancaradamente falsas?, mas que exibem ?o recato de uma afegã quando lidam com assuntos que envolvem os próprios patrões?. E menciona explicitamente o presidente da Editora Abril, Roberto Civita, como tendo ?afastado o próprio diretor de redação (da revista), para que o governo militar do presidente Geisel fosse mais generoso com a empresa?, no caso um empréstimo de 50 milhões de dólares, através da Caixa Econômica Federal. As informações deste último período foram extraídas, segundo o editorial, do livro ?O Castelo de Âmbar?, de Mino Carta, primeiro diretor de redação da Veja.
Ao mesmo tempo, o JB anuncia que Tanure processará judicialmente a Veja ?cobrando reparações financeiras e, no âmbito policial criminal, o repórter Policarpo Júnior e o lobista Alexandre Paes dos Santos.?
A direção da Editora Abril informou a Comunique-se, através de sua assessoria de imprensa, ?que, por enquanto, não quer responder ao editorial do JB?.
Deixando de lado a edição – que o editorial do JB classifica de ?inversão catalogada como delinqüência ética em qualquer bê-a-bá do jornalismo – a reportagem de Veja afirma transcrever anotações de Paes dos Santos a respeito de Tanure, mas – mesmo que tudo seja verdade – nada realmente pode torná-lo passível de processo criminal.
Tanure é descrito como ?o maior amigo da TWI (empresa em guerra com o Banco Opportunity, de Daniel Dantas) fora do governo?; ?caixa de campanha do ex-senador Jader Barbalho e do senador Gilberto Mestrinho, de quem conseguiu arrancar facilidades junto à Zona Franca de Manaus?; ?financiador das campanhas do senador Bernardo Cabral, do deputado José Carlos da Fonseca Jr. (ex-assessor do ministro Malan) e de Luiz Paulo Velloso Lucas (prefeito de Vitória)?; ?Tanure vitaminava seus negócios com a ajuda dos fundos de pensão?; ?atuou no mercado de moedas podres, usando informações privilegiadas do Banco Central, que recebida diretamente da presidência e da diretoria de fiscalização?; ?Tanure é sócio oculto do banco carioca Fator, no qual usa como testa-de-ferro o economista João Maia, ex-assessor de Zélia Cardoso de Mello?.
Que dezenas de empresários arrancaram facilidades de Barbalho e Mestrinho, todos nós estamos cansados, só não entendemos por que o governo até hoje não puniu nenhum funcionário da Zona Franca. Idem, idem, para as ?vitaminas? distribuídas pelos fundos de pensão das estatais. Idem, idem, para a distribuição de informações privilegiadas por dirigentes do Banco Central.
Novo mesmo é o confronto entre Nelson Tanure (com base em O Castelo de Âmbar, importantíssimo livro de Mino Carta) e Roberto Civita. A credibilidade da imprensa talvez venha a pagar por tudo o que já apareceu e poderá ainda aparecer."