Em depoimento ao jornal britânico The Times (18/8/00), Robin Oakley explica sua demissão da TV BBC e divaga sobre seu antigo emprego. Segundo ele, ser demitido da BBC fez nascer um fenômeno que havia observado em antigos companheiros. Oakley sente-se embaraçado em falar do assunto, evita atender telefonemas e teme encontrar algum conhecido na rua. No entanto, a demissão é oportuna para uma reflexão sobre a natureza de seu emprego.
A jornada de 12 a 15 horas diárias exigida para um editor político da BBC acaba com qualquer vida social e, pior, com qualquer privacidade. Oakley esteve por 8 anos na BBC e 6 como editor político no Times. Durante o tempo em que esteve no Times, o editor crê que nenhum jornalista escreveu sobre sua pessoa. Uma vez na TV, tornou-se alvo de colunas de fofocas. Certa ocasião, ouviu alguém do Daily Mail comentar que ele estava de regime. A informação constava no Daily Express daquele dia.
Pelo emprego em si, trocar jornalismo escrito por televisivo tem seus atrativos, segundo o editor. Não se tem tantas exclusivas, mas pode-se transmitir notícias de última hora para uma vasta audiência que ouve as informações pela primeira vez. "As pessoas lembram de minhas frases, assim como de minhas gravatas", diz.
Por causa do tamanho da audiência, o acesso de jornalistas televisivos a políticos é mais fácil. É possível obter uma matéria completa em três horas, com intenso "entra e sai" de políticos no estúdio. Já jornalistas de mídia impressa podem perder três dias inteiros para obter algumas palavras de um ministro e só conseguir fazê-lo no final da coletiva.
A TV tem, no entanto, o problema de compressão. O noticiário não pode contar com comentaristas que profiram mil palavras. Além disso, TV e rádio estão sempre com pressa. Mal o telespectador absorveu a notícia original, o jornalista já tem que fornecer a repercussão.
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