Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Política para gente comum

COMMON GOOD

Jim Bellows será o primeiro editor de Common Good, futura revista política de Helen O’Donnell, filha de um antigo assistente de John Kennedy, Kenneth O’Donnel. Bellows é autor do livro The Last editor (o último editor), que tem como subtítulo “Como salvei The New York Times, The Washington Post e Los Angeles Times da complacência e do embotamento”. Ele é conhecido por ter sido um dos últimos editores dos jornais New York Herald Tribune, Los Angeles Examiner e Washington Star antes de serem vendidos ou fechados.

Common Good (bem comum), que ainda não contratou pessoal para a redação, é um projeto ousado. Helen quer gastar com ele US$ 25 milhões no primeiro ano e US$ 40 milhões no segundo. A tiragem inicial será de 500 mil exemplares, visando chegar a 1,5 milhão em cinco anos. Números consideráveis, em comparação à circulação de revistas políticas nos EUA como National Review (157 mil) e The Nation (112 mil).

Keith Kelly, do New York Post [5/6/02] recorda que o último lançamento semelhante de tamanha magnitude foi George, criada por John F. Kennedy Jr., que consumiu US$ 20 milhões até seu desaparecimento, após quatro anos e meio. “Não estou tentando recriar a George“, avisa Helen, que disse que pode usar dinheiro da Fundação O’Donnel para pagar as três primeiras edições. “Nosso público-alvo é a pessoa comum, o público que costuma ler Look e Life ? o americano médio, não um viciado em política”.

IGREJA CATÓLICA

Em entrevista à revista católica italiana 30 Giorni, o cardeal hondurenho Oscar Rodriguez Maradiaga, possível sucessor do papa João Paulo II, fez duras críticas à imprensa americana, acusando-a de usar táticas nazistas e stalinistas para atacar a Igreja na questão de abusos sexuais de crianças cometidos por clérigos.

Segundo Maradiaga, Ted Turner, vice-presidente da AOL Time Warner e fundador da CNN é “abertamente anticatólico”. “Isso para não mencionar jornais como The New York Times, Washington Post e The Boston Globe, que protagonizaram o que não hesito em chamar de uma perseguição à Igreja”. Ele defendeu o cardeal Bernard Law, de Boston, que teve muito destaque na imprensa por ser acusado de conivência com padres pedófilos. Para o hondurenho, Law tem sido “questionado com métodos que lembram os dias negros dos julgamentos stalinistas de religiosos na Europa Oriental”. Ele acha que a mídia americana tem se concentrado nos casos de pedofilia para retaliar a oposição do catolicismo ao aborto, à eutanásia e à pena capital.

A Reuters [7/6/02] dá conta de que a entrevista é o quarto artigo recente na influente imprensa católica italiana a atacar a mídia, a cultura ou a justiça americanas. Tudo indica que a 30 Giorni participou de um esforço para combater as críticas à Igreja pouco antes do encontro de padres americanos em Dallas esta semana, marcado para que o problema da pedofilia seja discutido.

Freiras querem proteção

Outro problema grave da Igreja Católica, que não tem a devida atenção da imprensa, é o das freiras que sofrem abuso de padres. Em março de 2001, The National Catholic Reporter, semanário católico lido em 93 países, publicou em primeira página um alerta para a questão, fazendo com que o Vaticano assumisse a existência do problema, ainda que alegando ser restrito à África. Não foi isso que a investigação de dois anos do Reporter concluiu. Casos de freiras violentadas foram mapeados em 23 países, incluindo Brasil, EUA, Itália, Irlanda, Índia, Colômbia, Filipinas e África do Sul.

Como o Vaticano não voltou a se manifestar, a Coalizão de Freiras Americanas enviou carta aberta à sede da Igreja no segundo semestre do ano passado. “É evidente que o silêncio apenas encoraja o opressor e permite ao mal continuar ininterruptamente”, diz o documento.

Tom Roberts, editor do National Catholic Reporter, lamenta que não tenha como aprofundar suas reportagens da forma que seria necessária para que a imprensa americana se interessasse. A Editor & Publisher [10/6/02] conta que o pequeno jornal sediado em Kansas City carece de recursos para isso. “Quando noticiamos pela primeira vez, as pessoas deram”, comenta, sobre a repercussão da edição de 2001. “Mas então, com os atentados de 11 de setembro, o assunto saiu da tela do radar da mídia”.