IBEST
Antônio de Pádua e Silva (*)
A perda de credibilidade do iBest 2002 vem se tornando cada vez mais evidente. Ao desviar-se de seu principal objetivo, quando se associou à Brasil Telecom para criação de um provedor gratuito, deixou de lado a isenção para se tornar um concorrente em potencial dos participantes de maior peso no mercado brasileiro. Contrariados com este novo cenário, grandes provedores em operação no país decidiram não mais participar da premiação. Além deste fato, temos que considerar o regulamento, um tanto esdrúxulo, que foi imposto aos participantes e que vem provocando conseqüências negativas para o concurso.
Uma delas foi a decisão do principal executivo do Globo.com, Juarez Queiroz, de retirar seu nome da lista de premiáveis do Profissional iBest Marketing e Negócios, conforme nota divulgada pelo site Blue Bus <www.bluebus.com.br>. A mesma nota informa que todos os sites do Globo.com também resolveram sair fora dos TOP10, levando em conta que "a premiação tem uma regra que permite ao iBest indicar sites e profissionais que considera ?melhores? no mercado, independente de inscrições".
Recentemente, ao trocar e-mails com Rafael Lamounier, diretor de Marketing do iBest, ele informou que, por avaliações técnicas de conteúdo, design e navegabilidade, de 28 mil sites inscritos apenas 700 foram selecionados para continuar na disputa. Mas o próprio regulamento é falho neste quesito. Não há nenhuma cláusula que estabeleça esta seleção, ficando o iBest com plena liberdade para escolher quantos sites quiser. Se este ano foram escolhidos 700, ano que vem podem ser 600, 1.200, ou seja, um número aleatório e misterioso, pelo qual o participante se torna quase que vítima de um processo (kafkiano?) que não pode acompanhar e muito menos questionar.
Ainda usando os "critérios" de conteúdo, design e navegabilidade", o iBest também se achou no direito de inserir, por conta própria, até quatro escolhidos entre os websites TOP10. Nos TOP regionais, este número se elevou para oito. Esta avaliação tão "criteriosa" levou à classificação de sites "hibernados" em Mato Grosso, sem qualquer atualização há mais de dois anos, e outros de qualidade questionável até para quem é leigo no assunto.
Mas quando se trata do regulamento do iBest 2002, a aberração maior está na seguinte cláusula:
105. A iBest S.A. se reserva o direito de modificar datas ou reformular parte do regulamento sem prévio aviso aos participantes, por motivo de força maior ou caso seja necessário, segundo seu discernimento, para o melhor andamento do prêmio.
Como se vê, até mesmo o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, hesita em mudar as regras do Campeonato Brasileiro depois de estabelecidas, mas o iBest se acha neste direito. Dessa maneira, qualquer participante fica à mercê de qualquer decisão, seja ela qual for, por parte do iBest, ainda sob a justificativa de que será "para o melhor andamento do prêmio". Será?
Sem burla
Pelo jeito, este "melhor andamento" se resume aos interesses do iBest, já que o participante nem sequer tem direito a um aviso prévio.
Conversando com um diretor de um dos maiores provedores brasileiros, ele levantou uma suspeita grave. A de que o pessoal do iBest estaria usando sua base de dados (e-mails) de pessoas cadastradas na premiação para oferecer acesso grátis à internet, pelo provedor que recentemente lançou. Sendo isto verdade, constata-se que o iBest trabalha com outros objetivos além da realização do concurso. Perde ainda mais a credibilidade.
Diante de tanta soberba, diante de tanta confusão, acho que a melhor alternativa seria que as pessoas que levam a sério a internet brasileira optem pela criação de uma nova premiação, com regulamento claro, isento e justo que realmente alcance o objetivo de incentivar a evolução de sites e profissionais da área. E na qual o participante não se sinta burlado ou vítima de conspiração.
(*) Jornalista, editor do site QuebraTorto Online; e-mail: <apadua@terra.com.br>
Leia também