11 DE SETEMBRO
Um ano após os atentados de 11 de setembro, como os americanos se sentem em relação à restrição de liberdades individuais previstas na Primeira Emenda? A pesquisa encomendada pelo First Amendment Center para testar a disposição do público de tolerar restrições a direitos fundamentais revelou que estes estão sendo vistos como obstáculos à guerra contra o terrorismo: 49% dos 1 mil entrevistados acham que as garantias da emenda vão "longe demais". Outros 48% concordam que o governo tenha o poder de monitorar grupos religiosos em nome da segurança nacional, mesmo que isto infrinja a liberdade religiosa dos indivíduos, enquanto 42% opinam que muçulmanos deveriam ser mais fortemente vigiados.
Segundo Amber McDowell [Associated Press, 30/8/02], quase metade dos entrevistados dizem que a mídia tem sido muito agressiva ao interrogar o governo sobre a guerra. Foi constatada também uma queda significativa no apoio à imprensa: 57% acreditam que os jornais podem criticar livremente o Exército americano, enquanto 69% responderam o mesmo em 2001.
Deu na coluna de fofocas da U.S. News & World Report: a CNN teria oferecido à Casa Branca a exibição de cinco minutos dos filmes da al-Qaida (que mostram experiências com gases tóxicos e treinamento militar) antes de serem levadas ao ar. Mas com uma condição: que a conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, estivesse na sala e a rede pudesse filmar sua reação.
O governo respondeu não, obrigado. Segundo Paul Bedard [9/9/02], a idéia veio do quartel-general de Atlanta, e profissionais da sucursal de Washington respiraram aliviados com a negativa.
A rede de TV americana ABC produziu documentário relacionando o seqüestro e o assassinato dos 11 atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972, com os ataques de 11 de setembro. Inicialmente, a idéia da produtora Natalie Antley não era essa, pois seria muito óbvio, mas os próprios parentes dos esportistas acabaram fazendo a ligação em seus relatos.
"Munique talvez tenha sido o estopim de todo esse terror, particularmente 11 de setembro", comentou Jim McKay, que na época dos jogos era narrador esportivo da ABC Sports. O documentário, que se chama Nossas Maiores Esperanças, Nossos Piores Medos: a Tragédia dos Jogos de Munique devido à frase de McKay ao anunciar nos EUA que os nove atletas que ainda estavam em poder dos seqüestradores tinham morrido: "Nossos piores medos se confirmaram: todos eles se foram". "Dizer as palavras ‘todos eles se foram’ talvez tenha sido a coisa mais difícil que fiz na televisão", relembra o jornalista.
A cobertura da ABC Sports do Setembro Negro foi memorável. Uma equipe que havia se preparado para cobrir evento esportivo de repente se viu obrigada a acompanhar uma extraordinária história de violência que se desenrolava de forma muito tensa. O único repórter da ABC presente que não era de esportes era Peter Jennings, que chegou a se esconder num banheiro do alojamento da delegação italiana quando a polícia vasculhava tudo para garantir que não havia jornalistas na área.
O filme é muito crítico com a ineficiência alemã para resolver a situação e relembra também que o Comitê Olímpico, além de dar prosseguimento ao evento, negou o pedido de familiares dos atletas de se fazer momento de silêncio na abertura de jogos posteriores.
David Bauder, comentarista de TV da AP [30/8/02], escreve que há imagens de uma das torres do World Trade Center ruindo no documentário da ABC. Elas haviam sido banidas da TV por perturbarem demais o público. Na opinião do colunista, apesar de Natalie ter querido fugir de obviedades, este trecho parece ser tentativa gratuita de conectar os acontecimentos. Outro problema é o fato de não terem entrevistado o último terrorista de 1972 ainda vivo. Um Dia em Setembro, filme sobre o seqüestro de 1972 que ganhou Oscar, deu-se ao trabalho de buscá-lo em seu esconderijo na África.