Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Prêmio à crítica construtiva

OBSERVATÓRIO ISRAELENSE

Conceder prêmios de jornalismo não é raro. As categorias incluem excelência, coragem, responsabilidade social, boa redação e fotografia. Em Israel, por exemplo, há o prêmio Sokolov de Jornalismo. No entanto, o Prêmio Israelense Abramowitz de Crítica de Mídia é único, afirmam Eli Pollak e Yisrael Medad, no artigo "Recompensando a crítica construtiva". [Jerusalem Post, 18/11/02] Pollack é presidente do Israel?s Media Watch. (observatório de mídia de Israel). Medad, associado à instituição.

O prêmio de US$ 5 mil, prosseguem os articulistas, é concedido a um tipo raro de jornalismo. Seu objetivo é estimular a mídia a se abrir a críticas. É uma demonstração de respeito àqueles que estão dispostos a seguir a tendência e criticar os "intocáveis" da mídia.

Este ano, o Prêmio Israelense de Crítica de Mídia será concedido à escritora Irit Linur e ao jornalista Kalman Liebskind. Uma menção honrosa será feita a Chen e Lior Kenan.

A crítica de mídia e os grupos de observadores estão surgindo em todo o mundo ocidental. Mas a mídia, tanto impressa quanto eletrônica, não está suficientemente aberta a críticas. O número de ouvidores é ainda muito pequeno e as colunas de crítica de mídia não se destacam.

Israel, neste sentido, está relativamente avançada. Há dois programas semanais de TV que lidam com crítica de mídia, Documedia, do Canal 1, e Media File, da TV Educacional. Mas mesmo estes programas estão longe dos padrões aceitáveis de imparcialidade e independência, sofrendo de autocensura.

O prêmio de crítica de mídia tem como objetivo quebrar esse ciclo. É digno de nota que a cerimônia de premiação, que já instigou uma vigorosa discussão pública na maioria dos veículos de comunicação, seja transmitida ao vivo pelo Canal 33.

O prêmio foi entregue no ano de 2000 a Matti Golan, da Documedia, e ao jornalista independente Yoav Yitzchak. Em 2001, Amnon Dankner, atual editor do Ma?ariv, e o jornalista Amnon Lord, que também é colaborador do Jerusalem Post, dividiram o prêmio.

A solicitação pública de candidaturas foi anunciada em agosto.

Em abril, um dos vencedores, a autora Irit Linur, enviou carta aberta ao publisher do Ha?aretz, Amos Schocken. Linur, uma assinante fiel do diário, condenou sua crescente separação do Estado de Israel. Essa alienação, escreveu ela, foi evidenciada pelo jornalismo amador e tendencioso que cobriu as atrocidades internas palestinas. Linur também criticou seus colegas jornalistas pela falta de padrões profissionais e pelas reportagens parciais.

A carta de Linur recebeu ampla cobertura da mídia e iniciou um debate público. A carta serviu como catalisador para muitos outros que manifestaram publicamente sua crítica, e gerou uma onda de cancelamento de assinaturas. O jornal tratou as críticas com a maior seriedade e as levou em consideração.

O outro ganhador, o jornalista Kalman Liebskind, publicou em agosto dois grandes artigos nos quais criticou matérias do jornalista Motti Gilat, do Yediot Aharonot. Liebskind expôs a ética de trabalho não-profissional e a apresentação parcial e distorcida que fizeram injustiça a pessoas inocentes. Liebskind descobriu que Gilat primeiro decidiu quem seria sua vítima e então as maneiras de acusá-la, em vez de expor a verdade, fosse ela qual fosse. Liebskind também acusa os colegas de criarem um muro de silêncio em volta do jornalismo ameaçador de Gilat.

Esses artigos romperam com um velho código de silêncio, segundo o qual jornalistas não criticam o trabalho profissional dos colegas em público. A publicação de pesquisa jornalística sobre o trabalho de um colega é um ato novo e animador de crítica de mídia.

Depois que os premiados com a menção honrosa, Chen e Lior Kenan, perderam a filha e a mãe da Sra. Kenan no ataque terrorista de Petah Tikva em maio, a CNN gravou uma entrevista de meia hora com eles. Apenas uma pequena parte da entrevista foi ao ar, enquanto a mãe do homem-bomba recebeu muito mais tempo para expor sua posição.

Apesar da tragédia pessoal, Chen e Lior Kenan decidiram tornar pública a atitude da CNN, que os magoou profundamente e demonstrou uma inclinação pró-palestina da rede. Sua decisão corajosa iniciou um protesto público contra a emissora e a cobertura pró-palestina do conflito.

O Prêmio Israelense de Crítica de Mídia espera ser um catalisador de prêmios similares em outros países, desta forma aprimorando a qualidade da mídia não apenas em Israel, mas em todo o mundo.

Jornalistas premiados

Cinco jornalistas (África, Ásia, Europa, Oriente Médio e América Latina) foram homenageados pela International Federation of Journalists e pela Comissão Européia em 15/11. O prêmio Lorenzo Natali ? criado em 1992 para promover jornalismo de qualidade em memória do vice-presidente da Comissão ? é concedido a profissionais da imprensa que tenham se dedicado a temas ligados aos direitos humanos e desenvolvimento.

Segundo a IFJ [12/11/01], entre os premiados estão dois brasileiros: Mauri König, do Estado do Paraná, pela matéria "Mentira encobre crime no quartel", e Mário Magalhães, da Folha de S.Paulo, por "A história de Alexandre".