Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Problemas com a democracia

MONITOR DA IMPRENSA


MÉXICO

A ex-prefeita da Cidade do México Rosario Robles entrou com processo criminal no mês passado contra o editor e uma repórter do respeitado jornal mexicano Reforma. Rosario alegou ter sido difamada por uma reportagem sobre os fracassos de sua gestão, que terminou em dezembro.

Carolina Pavon escreveu artigo, publicado em abril, baseado em relatório da Secretaria de Finanças, que concluía que 643 milhões de dólares em fundos públicos não foram explicados. A matéria, segundo o Los Angeles Times [16/5/01], não sugeria de nenhuma forma que a própria ex-prefeita tivesse pego o dinheiro ? apenas afirmava que ocorreram irregularidades.

Novata na política, talvez Rosario não tenha consciência do significa, numa democracia, incriminar um jornalista por simplesmente publicar notícias. A longo prazo, é provável que a lei mexicana trabsdira os casos de difamação para as cortes civis, e não criminais. Enquanto isso, se Rosario não retirar sua queixa os promotores podem dispens&aacaacute;-las.

CONFLITO DE INTERESSES

A colunista do Wall Street Journal Kara Swisher está sendo acusada por alguns colegas de se meter num "grosseiro conflito de interesses" ao escrever sobre a AOL Time Warner, ao mesmo tempo em que a empresa dá apoio financeiro ao site gay de sua namorada. Segundo o New York Post [17/5/01], um jornalista do WSJournal afirmou que Kara escreve as matérias mais bajuladoras sobre a AOL, investidora do gay.com. A colunista e seu editor negaram qualquer conflito de interesse.

Kara escreveu o livro "How Steve Case beat Bill Gates, nailed the netheads and made millions in the war for the web", enquanto trabalhava para o Washington Post, em 1997. Fontes do WS Jounal reclamam que a jornalista reverencia o outro chefão da AOL Times Warner, Bob Pittman, como em matéria de abril, intitulada "Quem tem o que precisa para liderar o Yahoo?", em que fez referências diretas a Pittman. Dizem ainda que recebe tratamento especial no jornal, que permite as matérias por bajular também o editor-chefe, Paul Steiger.

Kara se defende dizendo que o investimento da AOL no site de sua namorada aconteceu cerca de cinco anos antes de se conhecerem. "Eu sempre pensei que a AOL fosse ser uma grande companhia, até mesmo quando outros jornalistas acreditavam que não daria certo", disse a colunista.

SENADO AMERICANO

The American Spectator é uma revista de direita que levou a Casa Branca à loucura na era Clinton. O "Troopergate", caso de uma funcionária pública do Arkansas que teria sido molestada por Bill Clinton em seus tempos de governador do estado, foi uma denúncia dela, e deu início à série de matérias que quase levaram o ex-presidente ao impeachment.

Há algumas semanas, David Brock, autor da primeira reportagem sobre o "Troopergate", que desde então mudou de lado e tornou-se defensor dos Clintons, foi ao Washington Post com acusações contra Ted Olson, nomeado procurador-geral por Bush. O jornalista alega que Olson, cuja firma de advocacia representa a revista, era parte ativa de um projeto para expor transgressões de Clinton. O acusado se defendeu dizendo que era simplesmente o advogado da revista, e portanto não tinha poder para decisões editoriais, disse William Safire [New York Times, 17/5/01].

Os democratas acreditam ter dois grandes trunfos contra Olson: ele foi o advogado que venceu o caso da Flórida para Bush na Suprema Corte e sua mulher escreveu um livro criticando Hillary Clinton, durante sua campanha para governadora. Foi pedido que, como advogado da revista, Olson providenciasse cópias de diversos documentos de reuniões, no intuito de chegar às fontes jornalísticas das matérias contra os Clinton.

A revista se recusou, baseada no Artigo 1? da Constituição americana, que garante aos cidadãos e à imprensa o direito à liberdade de expressão. Varrer uma redação certamente não é a forma certa de o Congresso ir atrás dos fatos, disse Safire.


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