Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Professores de Jornalismo decidem greve

CRISE NA CÁSPER LÍBERO

Coordenadoria de Jornalismo (*)

Em assembléia na quinta-feira, 30 de julho, os professores da Coordenadoria de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero declararam greve, por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira, dia 4 de agosto. A decisão foi tomada em protesto contra a recusa do diretor da faculdade, Erasmo Nuzzi, em cumprir o acordo firmado por ele, em conjunto com os representantes dos professores, dos alunos e da Fundação Cásper Líbero, mantenedora da faculdade, no dia 19 de fevereiro. No documento, o diretor endossava a decisão da superintendência da faculdade de não vetar a recontratação do professor Marco Antonio Araújo, ex-coordenador do curso de Jornalismo, por ele demitido no final de 2002, num ato que professores e alunos repudiaram como arbitrariedade injustificável. Aceitava também que a contratação de professores se fizesse por indicação da coordenadoria, aprovação do CTA (conselho técnico-administrativo) e homologação da mantenedora, sem que viesse a haver, portanto, intervenção da diretoria no processo. Faltando à palavra empenhada, Erasmo Nuzzi indeferiu o pedido de recontratação do professor Marco Antonio Araújo, encaminhado pelo atual coordenador do curso, Mario Vitor Santos.

Os professores consideram essa atitude um desrespeito à comunidade acadêmica, e aos próprios representantes da Fundação Cásper Líbero, que também assinaram o acordo. Um protesto foi enviado à Fundação no dia 19 de julho, por meio de uma carta aberta com as assinaturas de 27 dos 32 professores que integram a coordenadoria de jornalismo. Mesmo assim, o diretor Erasmo Nuzzi se manteve intransigente. Alegou apenas que “mudou de idéia”. As sociedades civilizadas se regem por um princípio fundamental: os acordos devem ser cumpridos. Pacta sunt servanda, na consagrada fórmula em latim. O contrário é a barbárie, a lei da selva.

A crise em que mergulha agora a Faculdade Cásper Líbero diz respeito à qualidade do ensino, à transparência administrativa e à vigência efetiva da ética e da democracia. Marco Antonio Araújo, cujas credenciais como professor jamais estiveram em questão, foi demitido às vésperas do término do seu segundo mandato como coordenador. Em seu período à frente do curso de Jornalismo, liderou um processo de renovação pedagógica que fez da faculdade, reconhecidamente, uma das melhores do país nessa área.

O descumprimento do acordo é um ato abominável de represália política. Marco Antonio, e o conjunto da coordenadoria de jornalismo, tornaram-se alvo de retaliação ao se insurgirem contra o aumento do número de alunos por sala de aula. Há duas concepções em jogo nesse conflito. De um lado, os que advogam o respeito às regras, a participação democrática de alunos e professores nos destinos da universidade e a autonomia dos seus representantes eleitos, a busca permanente da excelência acadêmica. Do outro, uma gestão errática, ao sabor de caprichos, antipatias e ressentimentos pessoais, ao autoritarismo, a redução de uma prestigiada instituição de ensino a um supermercado de diplomas.

Em sua batalha, os professores contam com o apoio da entidade representativa dos alunos ? o Centro Acadêmico Vladimir Herzog, que já convocou os estudantes para discutir o assunto em assembléia.

(*) Participam deste movimento os seguintes professores: Adriana Garcia, Caio Túlio, Carlos Dias, Clóvis de Barros Filho, Domingos Fraga, Eduardo Marini, Everton Constant, Fernando Solano, Filomena Salemme, Igor Fuser, Jayme Brener, José Américo Dias, Luciana Bistane, Luiz Costa Pereira, Marcelo Coelho, Mario Andrada e Silva, Mario Vitor Santos, Mauricio Stycer, Paulo Nassar, Rosane Batista, Sergio Rizzo, Sidnei Basile, Toshio Yamasaki, Vera Lúcia Fiordoliva

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