MONITOR DA IMPRENSA
SHOW DE HORRORES
Macabras, grotescas, burocráticas e bizarras. É assim, na opinião de Peter Carlson [The Washington Post, 11/4/01], que se pode descrever os preparativos para a execução de Timothy J. McVeigh, de 32 anos, autor do atentado que destruiu um prédio público, em Oklahoma City. Cerca de 1.400 repórteres cobrirão o "espetáculo", pelo qual terão direito a garrafas de água, cadeiras acolchoadas, mesas, serviço telefônico e transporte por carros de golfe ? mas somente se pagarem 1.146 dólares.
Nem os extravagantes jornalistas, contudo, poderão presenciar o momento em que a injeção letal será aplicada em McVeigh, no dia 16 de maio, na prisão federal de Indiana. No máximo poderão caminhar ? ou se locomover com os pequenos carrinhos ? até o local da prisão designado oficialmente como área para os manifestantes. Apenas 10 escolhidos da mídia poderão assistir à execução de dentro da câmara. Além deles, estarão presentes 8 parentes de algumas das 168 vítimas da explosão de 1995, e seis testemunhas escolhidas por McVeigh. Ele será o primeiro prisioneiro a ser executado pelo governo federal desde 1962.
Parentes das vítimas pediram ao Departamento de Justiça que um circuito fechado de TV fosse instalado para que pudessem assistir à execução. Segundo Lou Michel e Dan Herbeck ? repórteres que entrevistaram McVeigh por 75 horas para escrever o livro American Terrorist: Timothy McVeigh & the Oklahoma City Bombin ("Terrorista americano: Timothy McVeigh e o bombardeio de Oklahoma City") ?, ele garantiu que caso a Justiça aprovasse um pedido desses, exigiria que sua morte fosse televisionada para todo o país.
Na semana passada, uma empresa da Flórida requereu o direito de transmitir a execução. A Entertainment Network quer cobrar 1,95 dólar de quem quiser assistir. A Justiça ainda vai apreciar o pedido. Enquanto isso, só é certa a transmissão da execução ao vivo e em circuito fechado para familiares das vítimas. O evento não será gravado, de forma a impedir que se assista às cenas posteriormente.
Um editorial do New York Times (13/4/01) afirmou que se trata de uma solução sustentável para um problema de base logística ? o número absoluto de vítimas diretas do crime de McVeigh. A Agência Federal de Prisões, que autoriza famílias de vítimas a testemunharem a execução, aumentou o número de testemunhas permitidas na prisão em Terre Haute para 10. Mas é impraticável acomodar no local todos os parentes das 168 pessoas que morreram na explosão.
Para o Times, o procurador geral John Ashcroft foi absolutamente correto ao barrar a execução para o grande público. "Na maioria das vezes, acreditamos que tais decisões cabem à mídia noticiosa, não ao governo", dizia o editorial. "Nesse caso, porém, o ato de permitir câmeras de TV para transmissão pública faria da sentença legalmente decretada um espetáculo cruel e pouco usual."
A opinião do Times despreza a de McVeigh. "Ele disse que gostaria de ter sua execução televisionada, mas são os padrões de uma sociedade civilizada que deveriam governar, não sua opinião."
O Times defende o acesso garantido da mídia a eventos noticiáveis ? princípio a muitos justificável da necessidade de transmissão da execução; mas acredita que "no caso de McVeigh, o interesse público estará bem servido pela presença de 10 testemunhas de mídia que estarão, sem câmeras, na prisão de Terre Haute junto aos membros das famílias.
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