Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Propaganda questionada

ISLÃ

Os EUA, que estão gastando quase US$ 15 milhões numa campanha de TV para melhorar sua imagem nos países islâmicos, foram criticados em sessão para jornalistas e acadêmicos indonésios: as pessoas que aparecem nos filmes são de países árabes, o que dá a entender que os americanos ignoram a existência do islamismo em outras partes do mundo.

O apresentador de TV Rizal Mallarangeng, que recentemente completou oito anos de estudos na Universidade Estadual de Ohio, ponderou que os roteiros dos filmes passam por cima da complexidade de ser islâmico nos EUA. "Tenho amigos que querem ser bons muçulmanos e bons americanos. Este é um modo de vida bipolar e a questão é sempre como resolver um eterno conflito." Ele citou o exemplo de estudantes que, em escolas públicas americanas, encontram dificuldade para rezar o número de vezes que manda a religião. "Onde o aluno encontra um lugar para orar? Na escola pública americana não há religião, e entendo isso. Mas o que vai dizer em casa o pai religioso de um estudante islâmico?" No Departamento de Estado, diplomatas que viveram em países muçulmanos comentaram que os anúncios são simplistas.

Cinco muçulmanos estrangeiros radicados nos EUA aparecem nos filmes contando como vivem pacificamente e em harmonia com outras religiões. A Indonésia, por ser o país com maior população islâmica, foi o primeiro a veicular a campanha.

Jane Perlez, do New York Times [30/10/02], conta que a intenção do governo é exibir as peças em diversos países, mas alguns problemas já surgem. O Egito rejeitou os filmes alegando que não aceita anúncio pago de governos estrangeiros em suas emissoras. No Paquistão, a campanha ainda não foi oferecida à TV estatal pela incerteza gerada após a expressiva votação obtida por partidos islâmicos nas recentes eleições.