WALL STREET
A bolsa de valores de Nova York propôs implantação de regra pela qual analistas de mercado entrevistados pela imprensa escrita ficariam obrigados a citar se possuem ações ou se as companhia para a qual trabalham têm ligações com as empresas citadas nas matérias. A medida, que depende de aprovação da Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) gera protestos da mídia, que considera que ela fere artigo da Primeira Emenda da Constituição pelo qual o governo não pode interferir na imprensa. Apesar de não se referir diretamente aos veículos de comunicação, a regra acabaria por obrigar jornais e revistas a publicar as informações, pois aquela que não as citasse ficaria sem fontes.
Na televisão já funciona lei semelhante desde maio, mas sem gerar tanta aversão nos jornalistas. O principal motivo para isso é que a TV funciona em tempo real, ou seja, o comentário ao vivo de um analista pode influenciar negócios instantaneamente. Além disso, há o problema técnico de que o espaço da mídia impressa é mais limitado que o da televisão. Informações mais importantes poderiam ter de ser suprimidas para dar espaço a informações sobre os interesses das partes citadas na matéria, segundo The New York Times [23/11/02]. Editores acreditam que deve ficar a critério dos veículos a publicação ou não desses dados.
A proposta da bolsa de Nova York tem como objetivo proteger os investidores, que vêm sendo prejudicados por recomendações de analistas mal intencionados. O banco de investimentos Merril Lynch gastou US$ 100 milhões com multas por problemas deste tipo. O Citigroup e outras companhias podem, em breve, ter de arcar com valores ainda maiores. Bancos de investimento têm restringido as declarações de seus funcionários na imprensa. Hoje é normal que um analista que antigamente atenderia um jornalista diretamente tenha de pedir autorização do departamento jurídico antes de dar entrevista. A Prudential Financial, empresa com amplo setor de pesquisa de mercado simplesmente proibiu seus empregados de falarem com a imprensa, alegando que suas informações seriam só para os clientes. Segundo a Reuters [21/11/02], ela já recebeu críticas de que seus analistas teriam feito avaliações exageradas para induzir negócios.