Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Prova de sensibilidade

THE WASHINGTON POST

Michael Getler, ombudsman do Washington Post, dedica a coluna de 10/2 à seção de obituários, ou melhor, aos repórteres que nela trabalham, responsáveis pela difícil tarefa de lidar com quem acaba de perder uma pessoa querida.

"Somos os primeiros a dizer ?não? a eles quando ainda estão de luto?, explica Richard Pearson, chefe da seção. Conversar com quem liga para informar a morte de parentes e amigos é um trabalho que requer paciência e sensibilidade, principalmente para esclarecer que obituário não é notícia paga nem artigo elogioso: é uma matéria escrita por um repórter. Por não compreender isto, alguns leitores se incomodam com as perguntas feitas ou reclamam quando avisados que não podem ditar o que vai ser publicado. Outros vêem o atraso da publicação como descaso ? e a equipe precisa explicar que, muitas vezes, as matérias são tantas que acumulam e a impressão pode sair dias depois da morte.

Os seis funcionários que trabalham na seção ? uma das mais lidas do jornal ? produzem 6.000 obituários por ano. Segundo Getler, o Post não escreve apenas sobre figuras públicas, mas sobre qualquer um que tenha morado em Washington durante a maior parte de sua vida, cabendo às famílias comunicar o ocorrido e providenciar detalhes.

O ombudsman observa que a seção, apesar de sua importância, não recebe muito questionamento interno. No entanto, algo tão próximo dos leitores "sempre pode se beneficiar de algumas questões simples: podemos fazer melhor; estamos perdendo oportunidade de destacar vidas locais que são mais interessantes do que uma chamada telefônica sugere; podemos abrir espaço para mais fotos?"