HOMOSSEXUALISMO
Um número crescente de jornais americanos está publicando anúncios de uniões homossexuais ao lado dos casamentos tradicionais, informa Ron Todt [Associated Press, 4/8/01]. É o caso de muitos jornais de Vermont, que decidiram divulgar as uniões civis entre homossexuais depois que o estado se tornou o primeiro do país a legalizá-las no ano passado.
Outros se recusam a publicar tais anúncios alegando que seus leitores os rejeitariam, ou que se trata de uniões não reconhecidas legalmente (ao menos em seus estados). A porta-voz da New York Times Co., Kathy Park, esclareceu a postura da empresa: "Como nossas páginas de casamentos integram a seção de notícias e refletem o estado atual da sociedade, não cobrimos tais cerimônias, visto que não são consideradas uniões legais".
Alguns jornais publicam anúncios destas cerimônias em separado. O Washington Post não os coloca na seção de "Casamentos e Noivados" de quarta-feira, mas na seção de "Celebrações" de sexta, ao lado das festas de bar-mitzvah e festas de debutantes.
Para o editor do York Daily Record, Dennis Hetzel, seria contraditório defender em editoriais o tratamento igual de pessoas e excluí-las de suas páginas de anúncios. No entanto, a decisão de anunciar a união de dois homens lhe custou 10 cancelamentos de assinatura e 30 telefonemas ? 28 deles negativos.
Norah Vincent é uma colunista free lance do Village Voice, semanário esquerdista americano. Conservadora, Norah enfurece os leitores defendendo posições polêmicas sobre questões como aborto e Aids ? por exemplo, a opinião de que os advogados dos gays "não gostam de admitir" que "os homens gays devem arcar com a responsabilidade pela disseminação da Aids").
A colunista é lésbica, o que a torna uma aliada improvável de cristãos conservadores e instiga a ira de seus oponentes. Segundo Felicity Barringer [The New York Times, 6/8/01], Norah é vista, entre muitos grupos gays, como representante de uma nova geração de intelectuais gays oportunistas, que trairiam o movimento explorando a homofobia latente na mídia.
O editor do jornal, Don Forst, defende a colunista: "Ela faz com que as pessoas a leiam. E se ela introduz pensamentos que eles nunca tiveram, isso é ótimo."
Norah rebate seus críticos afirmando que não são realmente liberais, por não aceitarem que certas idéias possam ser expressas. "Há uma idéia errada de que estou atacando certas pessoas. Não estou", afirma. "É apenas uma discussão na comunidade. E que lugar mais seguro para isso do que o Village Voice? Não é o National Review. Você está discutindo com seus companheiros um ponto polêmico, que é para o que a imprensa supostamente serve."
THE NEW YORK TIMES
Fora as férias do presidente Bush e o sumiço da estagiária Chandra Levy, a imprensa americana não tem muito a noticiar ultimamente, a não que se seja gay ou que se trabalhe na New York Times Magazine ? na opinião de Eric Altman [MSNBC, 7/8/01]. Adam Moss, editor da revista, se enquadra nos dois, e é por isso que a história das palavras cruzadas do domingo retrasado se tornou a mais intrigante do NY Times, o jornal que encarta a revista.
A nota do editor diz: "Leitores que resolveram as palavras cruzadas da revista podem querer pular este texto até que completem todo o quebra-cabeça. As palavras cruzadas são intituladas ?Homonames?. Suas principais respostas são homônimos de nomes conhecidos. Depois de muitas cópias já terem sido distribuídas, alguns leitores, talvez influenciados pela sonoridade do título, disseram ter percebido alusões à vida gay entre as dicas das palavras cruzadas. Difamação envolvendo orientação sexual seria uma violação dos padrões do Times. O jornal pediu e recebeu explicações do editor e do criador do quebra-cabeça, um colaborador veterano. Ambos asseguraram não ter havido tais alusões ? nem quaisquer sugestões sobre a orientação sexual de ninguém."
Eric Altman resolveu enviar a nota a algumas pessoas via e-mail. Com as respostas, descobriu que havia no mínimo 22 pistas que poderiam ser mal-interpretadas. "Ponha mais lubrificante", "arranhado por um chicote de couro" e "pessoas que moram perto de um Y" são algumas delas. Para tornar o quebra-cabeça mais estranho, respostas escondidas no enigma eram "com licença, por favor" ("excuse me please"), "peço mil desculpas" ("I?m terribly sorry") e "imploro seu perdão" ("I beg your pardon").
O Times insiste em que se trata de uma grande coincidência.