ÍNDIA
Um método muito incomum de angariar dinheiro foi adotado pelo sítio indiano de jornalismo investigativo Tehelka.com. Um fundo de contribuição dos leitores tem, segundo o proprietário, Tarun Tejpal, produzido resultados "impressionantes".
O Tehelka é hoje a melhor fonte de informações da Índia, onde a liberdade de imprensa está muito ameaçada. Revelando casos de corrupção na alta cúpula do governo, o sítio, que foi criado com US$ 750 mil e 15 dedicados repórteres, já conseguiu derrubar Bangaru Laxman, presidente do partido governista, Bharatiya Janata (BJP). Ele foi gravado em vídeo aceitando propina de R$ 5 mil para favorecer o comércio de armas de uma empresa que o Tehelka inventou, chamada West End. Nesta história, apurada durante oito meses e publicada em março, os repórteres, para disfarçarem melhor seu propósito, chegaram a pagar festas com muito uísque e prostitutas para oficiais do Exército.
Por causa destes métodos, o Tehelka agora é vítima de complicações legais. Seus anunciantes foram envolvidos, prejudicando os negócios. Segundo Ian Buruma [The Guardian, 16/1/02], Tejpal sofreu ameaças de morte, e há suspeitas de que o serviço secreto paquistanês queira assassiná-lo para causar problemas ao BJP, que se tornaria o maior suspeito do crime. Ele já não anda sem guardas armados, sofre processo por infringir a lei indiana de moralidade ? pois intermediou prostituição. Para sua sorte, não há provas de que ele pagou as prostitutas.
INDÚSTRIA TABAGISTA
A fundação American Legacy, criada em 1998 para fazer campanha antitabagista como parte do acordo das indústrias de cigarros com 46 estados americanos, será processada pela companhia Lorillard Tobacco, que considerou um jingle de rádio veiculado pela instituição ofensivo à empresa e a seus funcionários. Na propaganda, parte da assim intitulada "Campanha da Verdade", um garoto que se diz tratador de cachorros liga para a Lorillard e oferece vender "urina de qualidade" à indústria. Quando o atendente pergunta o motivo da oferta, o garoto responde que a uréia, que compõe a urina, também é utilizada na fabricação de cigarros.
Este é o primeiro processo contra a American Legacy, mas já houve diversas reclamações por parte da indústria tabagista. A Lorillard já encaminhou protesto à poderosa FCC (Comissão Federal de Comunicação), alegando que foi inapropriado gravar secretamente seus funcionários. As informações são de Bernard Stamler [The New York Times, 23/1/02].