Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

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ROLO HISTÓRICO ? VI

Alberto Dines

A solene republicação pelo Estado de S.Paulo (sábado, 10/3/01) de sua manchete de quase cinco anos atrás ? revelando um dossiê do Banco Central onde Jader Barbalho é citado 16 vezes ?, mostra como nossos jornalões e revistões estão longe de esgotar o repertório de procedimentos investigativos.

O mais importante desta rememoração é que a despeito de uma incisiva manchete de primeira página numa quinta-feira (16/4/1996), tanto Jader como seu detrator, ACM, ignoraram completamente as acusações de desvios de recursos do Banpará dez anos antes (1986).

Há 15 anos, portanto, vem a imprensa advertindo para as infrações cometidas pelo então governador paraense e atual presidente do Senado. Ou não foram convincentes, ou não foram suficientemente persistentes ou, o que é pior, o atual moralismo só explodiu diante de circunstâncias especialíssimas: o confronto de ambições.

A leitura desse material revela que além da omissão de ACM no caso do Banpará, em 1996, antes ainda, e na qualidade de ministro das Comunicações do governo Sarney, ajudou a família de Jader com concessões de televisão impróprias e ilegais.

Esta minuciosa evocação evidentemente não poderia ser feita num jornal que recomenda no seu manual de redação que as matérias sejam breves e sucintas. Nem poderia ser resumida numa fita ou dramatizada numa capa "para fazer barulho".

Está na hora de começar a mexer nas coleções de jornais de cinco, dez ou quinze anos atrás. Está na hora de rever as "polonetas" que encheram o bolso de um punhado de operadores ou o caso Delfin, abafado porque o principal implicado facilitou o financiamento de apartamentos para jornalistas cariocas importantes. Está na hora de rever o que os jornais publicaram sobre José Sarney, Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury.

O departamento de pesquisas e documentação dos grandes veículos pode ser uma fonte mais rica e menos arriscada do que a ante-sala dos interesses contrariados.

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